Especialista em finanças alerta sobre riscos do crédito rotativo e dá dicas para reorganizar o orçamento
A inadimplência das famílias brasileiras atingiu 30,2% em julho, segundo a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC). O índice, o maior em quase dois anos, reforça a preocupação com o sufocamento financeiro e o descontrole orçamentário que afetam milhões de lares no país. No Maranhão, por exemplo, mais de 2 milhões de pessoas estavam inadimplentes em junho de 2025, o equivalente a 44,8% da população adulta, de acordo com o Serasa.
Para a coordenadora do Núcleo de Negócios da UniFacimp Wyden, Petra Fernanda, o desajuste tem origem, sobretudo, na falta de planejamento. “É importante que toda a família conheça a situação financeira em que vive. Assim, todos podem contribuir em casa, ajudando a utilizar os recursos de forma mais racional, evitando o consumo excessivo, priorizando as necessidades e mudando hábitos que prejudiquem o orçamento”, destaca.
Um dos maiores vilões apontados pela especialista é o uso do crédito rotativo. “A maioria das pessoas recorrem aos créditos rotativos, que são grandes vilões e devem ser evitados, pois apresentam os maiores juros do mercado. Essa modalidade exige muito cuidado, já que rapidamente pode transformar dívidas pequenas em uma bola de neve e, consequentemente, tornar a pessoa inadimplente”, alerta Petra. Em maio de 2025, os juros médios dessa modalidade alcançaram 449,9% ao ano, segundo o Banco Central, com alta em relação ao mês anterior.
A recomendação é que os consumidores busquem reorganizar seus gastos e construam uma reserva de emergência. “Saber exatamente o quanto se pode gastar é essencial para evitar o endividamento. Além disso, ter uma reserva de emergência é fundamental, pois grande parte da população não se preocupa com isso e acaba gastando todo o rendimento de uma só vez. O ideal é que se mantenha uma quantia equivalente a pelo menos três vezes a renda líquida da família para enfrentar imprevistos”, conclui a coordenadora.