Quem nunca almoçou aquele tradicional prato de feijão com arroz? A combinação presente na mesa dos brasileiros há bastante tempo além de ser saborosa, também traz uma série de benefícios. Do ponto de vista nutricional, por exemplo, é riquíssima em nutrientes essenciais para nosso organismo e, além disso, um completa o outro, pois a sustância que falta em um, o outro alimento repõe.
Segundo a nutricionista do Hospital Jayme da Fonte, Karla Conolly, o complemento dos dois alimentos formam um par perfeito. “Os aminoácidos essenciais, como lisina (responsável pelo crescimento ósseo e produção de colágeno) e metionina (que atua na formação dos músculos) presentes no feijão e arroz respectivamente, quando juntos, formam uma proteína de boa qualidade ajudando na redução de doenças cardiovasculares, diabetes e no bom funcionamento do sistema nervoso”, justifica.
Essa união teria surgido depois que o arroz, que tem origem oriental, foi trazido pelos portugueses para o Brasil, onde o feijão já estava sendo consumido pelos índios. Hoje, essa iguaria já faz parte do cardápio dos brasileiros e o consumo do feijão no País chega a ser 3,2 milhões de toneladas ao ano e do arroz em torno de 11 milhões, segundo dados do Levantamento Sistemático da Produção Agrícola de janeiro, divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia Estatística.
Atualmente, existem mais de 150 tipos de feijão no mundo, entre eles o branco, rosinha, fradinho, rajado, reto e feijão verde. Apesar da variedade, a coordenadora do Serviço de Nutrição do Hospital Português, Silene Alves, explica que não existe diferença significativa de nutrientes entre as espécies de feijões. “O que se aconselha é consumir diferentes tipos na dieta, para aproveitar e combinar ao máximo os efeitos positivos desse alimento, já que há pessoas que enjoam de comer feijão com arroz todos os dias”, destaca.
Em relação ao arroz, entre os tipos encontrados estão o parboilizado, integral, selvagem, negro, vermelho, cateto e o branco. Sendo este último o mais conhecido e consumido pelo seu menor custo, porém, por ser polido, é o que também possui menos nutrientes, pois os nutrientes ficam na casca, que é retirada durante o polimento. A nutricionista Karla Conolly ressalta que alguns pacientes precisam ficar atentos quanto ao consumo do arroz. “Pacientes com restrição calórica, diabéticos e pessoas com tendências a constipação intestinal devem consumir com moderação”, alerta. Já o arroz integral é mais indicado por ser fonte de minerais, óleos essenciais e fibras que melhoram a função intestinal, evitam fatores de risco cardiovascular e ainda ajuda a saciar o apetite.
Apesar da dupla trazer uma série de benefícios, é preciso ter alguns cuidados na hora de preparar o prato típico brasileiro. Silene explica que o feijão, por exemplo, possui ácido fítico, que bloqueia a absorção das vitaminas no intestino, e favorece o acúmulo de gases. “Recomenda-se deixá-lo de molho por no mínimo 8 horas fora da geladeira, para que o ácido seja neutralizado, e melhore a absorção das vitaminas. Uma concha de feijão para meia escumadeira de arroz é a proporção precisa dessa dupla”, orienta.
Embora se fale na combinação, separadamente cada um desses alimentos possuem vantagens que por si só contribuem para o ser humano. Entre os benefícios, o arroz reduz o colesterol ruim, é rico em vitaminas do complexo B, contribui para o metabolismo de carboidratos, gorduras e proteínas, além disso, é bom para os olhos e faz bem ao coração. O feijão, por sua vez, é fonte de vitamina B1, B2, B3 E B9, também faz bem para o intestino, é rico em proteínas e minerais (potássio, ferro, fósforo, cobre, zinco e magnésio) e melhora o sistema nervoso.
Segundo a nutricionista Silene Alves um prato equilibrado deve conter cinco características: adequação, qualidade, quantidade, harmonia e variedade. “O segredo é deixar sua refeição colorida. As cores indicam variedade de macro e micronutrientes, ou seja, vitaminas, minerais, carboidratos, lipídeos e proteínas”, explica. De forma geral, o prato deve ser dividido em quatro partes, sendo duas delas para a salada (hortaliças e legumes – temperados com azeite), uma para carboidrato (de preferência integral – que pode ser o arroz) e por fim, proteína animal (ex: frango) e vegetal (ex: feijão).
Quanto à forma de preparar e temperar a comida cada um tem a sua, mas alguns alimentos podem ser evitados para trazer resultados positivos para a saúde. A nutricionista Karla Conolly recomenda que deva ser evitado o uso de carnes gordas e defumados no preparo do feijão, pois são fontes de gordura saturada e colesterol em contrapartida, usar legumes como cenoura, chuchu e jerimum. “Além de aumentar a quantidade de nutrientes da preparação, fica bem saboroso”, sugere.
Com relação ao arroz, Silene não indica fazer do modo escorrido, para evitar perda de nutrientes na água. Ela sugere preparar refogando em cebola e alho, podendo adicionar cenoura, brócolis, espinafre, conforme preferência. “Tanto para o feijão, quanto para o arroz não recomendo o uso de temperos prontos industrializados, devendo preferir temperos in natura como cebola, alho, coentro, manjericão, salsa, entre outros”, orienta.
Entretanto, para atingir objetivos específicos, como perda/manutenção de peso, controle glicêmico, dieta vegetariana entre outros, o profissional nutricionista deve ser procurado para encontrar o equilíbrio certo de alimentos para sua dieta.
*Por Paulo Ricardo Mendes, repórter da Revista Algomais (algomais@revistaalgomais.com.br)