Fogos, alimentos inadequados e mudanças na rotina aumentam riscos à saúde e ao bem-estar dos pets
As festas de fim de ano representam um período de maior vulnerabilidade para cães e gatos, em razão do aumento de estímulos sonoros, mudanças na rotina da casa e maior circulação de pessoas. Mesmo com leis municipais que restringem fogos de artifício com estampido, o barulho ainda é frequente, somando-se a música alta, portas abertas e acesso facilitado a alimentos das ceias. O resultado é um cenário que favorece estresse, fugas e intoxicações, problemas que podem ser evitados com planejamento.
Segundo o professor do curso de Medicina Veterinária da Wyden, Thiago Fernandes, os atendimentos veterinários aumentam nessa época do ano, especialmente por ingestão de alimentos inadequados e lesões traumáticas associadas a fugas. O medo provocado por ruídos intensos altera o comportamento dos animais, levando a reações de risco. “Preparar um ambiente seguro e silencioso, com portas e janelas fechadas, iluminação suave e objetos familiares ajudam a reduzir o impacto dos ruídos externos. Sons contínuos, como ventilador ou música ambiente, também podem funcionar como barreira sonora. Cada animal lida de uma forma com o barulho, alguns permanecem assustados, outros se mantêm em atenção, alguns podem até se tornar agressivos no intuito de se defenderem do que acreditam ser uma ameaça”, explica.
A alimentação é outro ponto crítico durante Natal e Ano-Novo. Alimentos comuns das ceias, como chocolate, cebola, uva-passa, temperos fortes, bebidas e gorduras, são altamente prejudiciais à saúde dos pets. “Mas é só um pedacinho, pode fazer mal?” Sim, pode fazer muito mal. O chocolate, por exemplo: não há quantidade segura para oferecer, somente um pedacinho pode causar desde indisposição leve até quadros graves que necessitam de internação. “Para evitar riscos, o ideal é manter os animais afastados da mesa, orientar os convidados a não oferecer comida e separar petiscos próprios para eles! Eu sei que eles fazem uma carinha irresistível (o meu também faz), mas é necessário resistir pelo bem deles. É para a saúde deles!”.
O excesso de visitas também contribui para elevar o nível de estresse, especialmente em animais mais sensíveis. Abraços, aproximações insistentes e movimentos bruscos podem gerar reações inesperadas. “Criar regras simples para visitas, como não insistir em interação, e organizar um espaço exclusivo para o pet, onde ele possa descansar sem interrupções e sem que os convidados tenham acesso, ajuda a manter o bem-estar”, orienta o especialista.
As fugas, comuns nesse período, estão associadas à abertura constante de portas e ao medo provocado pelos fogos. Reforçar travas, verificar telas e manter os animais identificados com plaquinha e microchip são medidas fundamentais. “Não queremos que as comemorações de final de ano virem uma tormenta de busca aos nossos amiguinhos. Mesmo com cuidados, imprevistos podem acontecer, e a identificação agiliza o retorno para casa”. Manter horários regulares de alimentação, passeios e descanso, além de gastar a energia do pet antes das celebrações, contribui para reduzir a ansiedade e garantir festas mais seguras para toda a família.

