Gente & Negócios

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Rafael Dantas

Força das classes C, D e E está transformando o setor de varejo

Um levantamento conduzido pela PwC em colaboração com o Instituto Locomotiva identificou cinco elementos que devem influenciar as mudanças no setor de varejo relacionadas ao consumo das classes C, D e E. Além disso, propostas inovadoras para incrementar o poder de compra dessas camadas sociais, por meio de avanços em programas e políticas sociais, bem como a busca por maior acesso ao crédito e à esfera digital, destacam-se como temas relevantes para essa parte da população.

COMPRA MAIS QUALIFICADA

O estudo também ressalta a crescente importância dos aspectos ESG (ambientais, sociais e de governança) e da responsabilidade social nas decisões de compra: 86% dos consumidores estão dispostos a favorecer marcas e lojas com um propósito claro, e 53% já optaram por não comprar de determinadas marcas devido à falta de responsabilidade social. A pesquisa indica que 66% desses consumidores valorizam produtos de qualidade a um preço justo. Além disso, em comparação com uma década atrás, 59% consideram que a qualidade de um produto ganhou mais relevância nas escolhas do que o preço. No entanto, 11% afirmam que a qualidade passou a ter menos peso entre os critérios de escolha na hora da compra.

CONSUMO REPRIMIDO

Os dados da pesquisa também apontam para um considerável potencial de intenção de compra contido. Se as condições econômicas melhorarem nos próximos anos, esse potencial pode ser liberado, gerando oportunidades significativas para os negócios. Metade dos consumidores no grupo examinado, por exemplo, acredita que não terá meios para adquirir pelo menos uma das categorias de produtos desejadas. Notavelmente, o setor educacional destaca-se com a maior demanda reprimida: 31% expressaram interesse em realizar cursos de idiomas nos próximos 12 meses se as condições financeiras permitissem, e 28% mencionaram cursos diversos. Os consumidores das classes C, D e E, mais conscientes e conectados, esbarram em limitações financeiras, mas isso abre possibilidades intrigantes para o setor de varejo e consumo no Brasil. Segundo a pesquisa da PwC e do Instituto Locomotiva, 87% das pessoas de menor renda comprariam mais se tivessem acesso facilitado ao crédito. Dos entrevistados, 61% reconhecem fazer esforços para adquirir produtos e serviços que antes não podiam comprar devido a limitações financeiras. Simultaneamente, 71% dos respondentes sentem satisfação ao conseguir comprar um produto após economizar.

MAIS DIGITAIS

Os consumidores das classes C, D e E diversificam os canais de compra, encontrando na internet uma aliada significativa. De acordo com a pesquisa da PwC em parceria com o Instituto Locomotiva, o conceito “phygital”, que integra os ambientes físicos e digitais, é uma realidade para esse grupo, com 63% afirmando já terem comprado online e retirado o produto em lojas físicas. Apesar do aumento nas compras digitais, a experiência de comprar em lojas físicas ainda é frequente para essas classes. Compras em supermercados, hipermercados, lojas de materiais de construção e produtos para pets, por exemplo, são predominantemente realizadas presencialmente. Esse é um hábito exclusivamente presencial para 46%, 44% e 36% dos consumidores dessas categorias, respectivamente. Por outro lado, artigos eletrônicos, cursos diversos e de idiomas têm predominância de compras online, sendo adquiridos apenas presencialmente por 22%, 21% e 18%, respectivamente.

Luciana Medeiros, sócia da PwC

“Os dados que conseguimos compilar mostram que os consumidores de menor renda possuem propósitos e fazem escolhas criteriosas para comprar. As empresas que não se engajarem, de fato, com questões sociais e ambientais vão perder essa parte do público consumidor do país. É preciso, ainda, ampliar os canais de comunicação com os consumidores para entender de forma contínua quais são as preocupações, os feedbacks e as sugestões”

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