Ruas animadas, roupas coloridas, marchinhas aceleradas, pulos no ar e sombrinhas. Esses elementos fizeram você lembrar de algo, não foi? Todo pernambucano e, até brasileiro, conhece o frevo, dança típica pernambucana. Famosa e difundida principalmente no Carnaval, ela surgiu em Pernambuco entre os séculos XIX e XX, sendo instituída primeiro como um ritmo carnavalesco. Desde então, ela não largou o pé – e nem o coração – das pessoas.
Experiência apaixonante
Essa paixão também comoveu logo cedo a bibliotecária do Centro Universitário Tiradentes (Unit-PE), Joana Lima. “Comecei a aprender com quatro anos de idade. Morava numa avenida central do Recife e, por lá, passavam troças carnavalescas. Fui crescendo e vendo tudo isso. Quando tinha idade suficiente, ingressei na turma infantil do Balé Popular do Recife, com a professora Ana Madureira”, contou. A partir daí, Joana ingressou no mundo da dança e vivenciou experiências incríveis, tudo a partir do frevo.
“Desfilei por dez anos no Clube Carnavalesco Misto Elefante de Olinda e, já adolescente, comecei a dançar profissionalmente na Cia Forrobodó de Dança Tradicional e no Balé Popular do Recife. Sobre dançar Frevo, um evento que me marcou demais, foi a inauguração do Macau Fisherman’s Wharf, em Macau, na China, pois cheguei lá com o pé esquerdo engessado. Me recuperei durante os dias de ensaio e, na data marcada para o grande evento, consegui dançar representando o Brasil e toda a América do Sul! Foi lindo e inesquecível”, relembrou Joana Lima, que também é presidente do Conselho Regional de Biblioteconomia da 4ª região de Pernambuco e Alagoas.
História e cultura
O frevo é muito diversificado e cheio de história e cultura. Ele nasceu através dos passos de capoeira, em pleno Carnaval, e só foi nomeado em 1908, pelo Jornal Pequeno. As marchinhas são compostas apenas de banda, sem letras, e seus passos são variados, com rodopios, giros, malabarismos e muito improviso. Muita gente não sabe mas, além disso, existem três tipos da dança. O frevo-de-rua, que é feito para dançar com notas agudas, o frevo-de-bloco, nascido das serenatas e tocado com violão e cavaquinho, e o frevo-canção, mais lento e cantado.
“O frevo é a cara do Brasil! Pra mim, ele é literalmente o deixar-se ferver, é permitir-se efervescer. Apesar de não ser tão conhecido (ainda) mundo afora, ele representa o Brasil e a resistência do povo brasileiro. Nascido do jogo da capoeira, é através dos seus passos que a gente se confraterniza e se identifica como sendo um povo rico em coragem, em força e em vitalidade”, explicou Joana.
Legado
Sendo Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade, a dança é motivo de orgulho para os pernambucanos. Afinal, tendo nascido na região, difundido pelo Carnaval em Olinda e muito praticado Brasil afora, o frevo é exemplo da união de culturas históricas, representação de antepassados e amor pelo ritmo brasileiro. E o papel da sociedade em tudo isso? O de valorizar e respeitar dançarinos e a dança não só no Carnaval, mas também o ano todo.
“Nossa identidade cultural se mistura com a história do frevo. Defendê-lo é um papel nosso, já que somos privilegiados por podermos ostentar um patrimônio imaterial da humanidade. O ensino do frevo e dos nossos folguedos populares oportuniza a confraternização social indistintamente, já que o ritmo é mais que convidativo. A força musical, a riqueza dos movimentos (são mais de duzentos passos catalogados e outros tantos que surgem como variações destes), o produto dos arrastões do frevo seja ele de rua, de bloco ou canção dizem tudo! O título é merecido e deve ser perpétuo!”, salientou a bibliotecária e dançarina.