Fundaj e Correios lançam selo postal de Clarice Lispector – Revista Algomais – a revista de Pernambuco

Fundaj e Correios lançam selo postal de Clarice Lispector

Clarice Lispector (1920—2020) escreveu diversas cartas. Parte delas dedicada às irmãs, no período em que passou distante do Brasil junto ao esposo diplomata. Quarenta e três anos após sua morte, a escritora será homenageada com um selo comemorativo pelo primeiro centenário do seu nascimento. A iniciativa dos Correios será lançada, no Recife, nesta quarta-feira (30), às 17h, em parceria com a Fundação Joaquim Nabuco (Fundaj).

A cerimônia virtual estará disponível no canal da Instituição no YouTube (link: https://bit.ly/366643N).

Para a honraria, apenas duas capitais brasileiras foram escolhidas para o lançamento: o Recife e o Rio de Janeiro — lugares onde morou Clarice Lispector. “Não é a primeira homenagem à escritora que integramos. Em abril, dedicamos 18 horas de programação a ela, a ‘cidadã do mundo’. Essa parceria reflete o empenho desta Casa com a literatura, a memória e Clarice. Inúmeros são nossos projetos para manter viva sua memória de menina, que viveu e foi feliz no Recife até os 14 anos”, comemorou o presidente da Fundaj, Antônio Campos.

A cerimônia de obliteração do selo comemorativo será realizada pelo presidente da Fundaj e o superintendente dos Correios em Pernambuco, Ademar Morais. Na sequência, a programação do lançamento, em Pernambuco, contará com palestra da antropóloga e escritora Fátima Quintas, detentora da cadeira 31 da Academia Pernambucana de Letras, e recital de trechos da obra de Clarice, em vídeos da atriz Maria Fernanda Cândido e Beth Goulart, do escritor norte-americano Benjamin Moser, dentre outros.

“Lançar um selo em homenagem à Clarice Lispector faz jus a uma das mais importantes escritoras que nascida na Ucrânia, mudou para o Brasil com pouco mais de um ano. Ela soube, com maestria, tratar das questões da alma. A história do selo postal brasileiro jamais estaria completa sem um selo em sua homenagem. E ficamos felizes com uma peça tão bonita, que expressa a vitalidade de Clarice, ainda mais pela arte ter sido criação de sua neta”, disse o superintendente dos Correios Ademar Morais.

“Particularmente para minha mãe, Clarice Lispector, que morou quase 20 anos no exterior, a correspondência com amigos, família e editores foi fundamental na sua formação profissional e sua afetividade. Assim, a criação de um selo no ano do seu centenário é uma homenagem justa e muito representativa”, afirma Paulo Valente, filho da escritora. Não por acaso, a artista e neta Mariana Valente assina a arte. Ao todo, 900 mil selos serão produzidos e estarão disponíveis nas principais agências do País, com valor de R$ 2,05 a unidade, e na loja online dos Correios (link: bit.ly/3kOF5xS).

Palestra

Só em 1985, a antropóloga e escritora Fátima Quintas começou a leitura da autora de Perto do Coração Selvagem (1943). Ela lamenta não tê-la conhecido em vida, sobretudo pessoalmente, mas é tida com uma das especialistas em Clarice Lispector e mantém um grupo de estudo sobre sua obra em parceria com a Academia Pernambucana de Letras, onde ocupa a cadeira 31. Após o lançamento do selo, o público será brindado com a palestra da antropóloga, que promete abordar a biografia e estética literária de Clarice.

“Para se entender um escritor ou qualquer pessoa, é preciso contextualizá-la no tempo e em um pouco da sua história. Com Clarice não é diferente”, explica Fátima, ao lembrar a trajetória de migrante da homenageada, que nasceu na Ucrânia, mas foi trazida ao Brasil com aproximados dois anos de idade. Em solo latino, residiu nos estados de Alagoas, Pernambuco e Rio de Janeiro. Mais tarde, após casar com um diplomata, morou na Itália, Suíça e Inglaterra. “A inconstância do espaço é uma variável muito importante na vida dela. No mínimo, a levou a muitas reflexões.”

Na sua exposição, Fátima Quintas mencionará, também, conceitos como ‘um naufrágio na introspecção’, do filósofo Benedito Nunes, além da estrutura fragmentada e monologal da obra clariciana. Outro momento será o paralelo entre a autora e sua personagem Macabéa, de A Hora da Estrela (1977), lançado pouco antes de sua morte. “O meu foco é a narrativa singular de Clarice, única e corajosa. A escrita dela é agônica, pois ela vivia sempre se questionando entre a vida e a morte. Macabéa é, para mim, este personagem representativo da própria Clarice”, finaliza.

Serviço
Lançamento de selo pelo centenário de Clarice Lispector
Data: 30 de setembro de 2020
Horário: 17h
Transmissão no YouTube da Fundaj

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