Idealizada pelo sociólogo Gilberto Freyre, a Fundação Joaquim Nabuco (Fundaj) começou este ano a ser dirigida pelo seu quinto presidente, o professor Luiz Otavio de Melo Cavalcanti. O gestor foi nomeado pelo ministro da Educação, Mendonça Filho, em maio, e informou que a instituição está com várias ações destinadas a aumentar a participação do público nos seus programas.
Um dos carros-chefes é a digitalização de todo o acervo da fundação. O patrimônio fonográfico da entidade é um dos maiores do País, contabilizando 178 mil títulos de música, o arquivo documental data de meados do Século 16, além das centenas de fotografias e vídeos que contam a história do desenvolvimento urbano do Recife ao longo do Século 20. O objetivo é estimular a exploração e o uso do acervo entre públicos diversos, oferecendo o conteúdo em espaço público, físico e virtual. “Qualquer cidadão poderá ter acesso à memória da cidade. Atualmente, parte do acervo pode ser conferido na Vila Digital, localizada no campus de Casa Forte; e parte no site da instituição (www.fundaj.gov.br)”, explica Cavalcanti.
O novo presidente já foi secretário estadual da Fazenda e do Planejamento de Pernambuco e, também, de Planejamento e Urbanismo da Prefeitura do Recife. Foi diretor-superintendente do Diario de Pernambuco e diretor-presidente da Faculdade Santa Maria. Graduado em Direito pela Universidade Federal de Pernambuco, já publicou diversos livros nas áreas de cidadania, história e economia.
O novo gestor também desenvolve ações voltadas para dentro da fundação, com o objetivo de melhorar a qualidade de vida dos 452 funcionários. “No âmbito interno, criamos um grupo de gestão de pessoas. Além disso, estamos promovendo semanalmente atividades culturais para a família da equipe, com exibição de filmes, oficinas e contação de histórias”, diz.
OBRAS. A boa notícia para quem costuma frequentar o cinema da Fundação do Derby é que a conclusão das obras de reforma do prédio será antecipada em seis meses e está prevista para julho de 2017. A fundação também se articula para iniciar as obras de um restaurante-escola, sediado no Engenho Massangana, no Cabo de Santo Agostinho, voltado para o ensino e a pesquisa da gastronomia regional.
A nova gestão planeja também devolver à fundação sua posição de referência nacional na área de pesquisas. Por isso desenvolve o projeto de Programas Institucionais, implantado este ano, na perspectiva de potencializar trabalhos focados na interdependência entre educação e cultura. “A ideia é incorporar as várias áreas de atuação da entidade, como pesquisa, formação e articulação em rede, na realização de sete seminários”, detalha a pesquisadora titular da fundação e coordenadora do projeto, Cátia Lubambo. Os eventos acontecerão até 2019, abrangendo cinco temas: Valorização docente na educação básica, Educação e relações étnico raciais, Educação pela cidade, Territórios de educação, e Cultura e educação, governança e sustentabilidade.
ESTELITA. Luiz Otavio de Melo Cavalcanti quer também resgatar o papel de protagonismo da instituição em questões políticas do Estado. “A fundação vai voltar a se posicionar institucionalmente em relação aos assuntos do Recife e da cidadania”, afirma. Segundo o presidente, a entidade tem uma responsabilidade pública em relação a questões como o futuro do Cais José Estelita, localizado na região central da cidade. Há dois anos, ativistas lutam por um uso público do local, enquanto o consórcio Novo Recife defende a construção de torres.
“Um grupo de arquitetos, urbanistas e engenheiros pesquisadores da fundação está elaborando um documento fixando a nossa posição sobre o assunto”, prometeu. E adiantou: “São profissionais que conhecem e estudam o Recife, preocupados com a convivência urbana, a beleza ética e a garantia dos espaços públicos da cidade”. O documento será divulgado em novembro.
Criada há 67 anos, a Fundação Joaquim Nabuco recebe mais de 60 mil alunos de escolas públicas e privadas por ano. Hoje, oferece dois cursos de mestrado profissional em Ciências Sociais. Possui quatro campi, dois deles localizados na Zona Norte do Recife: Casa Forte, onde funcionam a sede administrativa, o Museu do Homem do Nordeste, o Cinema do Museu, a sala do conselho diretor e uma sala de exposições, e Apipucos, que concentra a maior parte dos pesquisadores e acervos. Há também o campus do Derby, atualmente em reforma, com o Cinema da Fundação, a biblioteca e duas galerias, e o Engenho Massangana, utilizado para eventos educacionais.
(Por Maria Regina Jardim – Revista Algomais)