Durante muito tempo assistimos à deterioração do Centro do Recife. Imóveis abandonados, calçadas ocupadas de forma ilegal, assaltos e ruas vazias, principalmente à noite e fins de semana. De uns anos para cá, houve uma mobilização da sociedade civil, de empresários e do poder público para reverter esse cenário de decadência. Debates sobre alternativas para revitalizar a área onde o Recife nasceu ficaram cada vez mais frequentes e soluções, aos poucos, começam a ser implantadas. Faltava uma governança que congregasse todas essas ações e impulsionasse a melhoria da região, preservando seu rico patrimônio.
Até que no final do ano passado, foi criado pela Prefeitura do Recife o Escritório de Gestão do Centro do Recife, chefiado por Ana Paula Vilaça. Nesta entrevista a Cláudia Santos, ela abordou as ações para executar o Recentro, um amplo programa que prevê o incentivo a moradias na região central e novos empreendimentos, além de estimular a tecnologia e a inovação. O objetivo é tornar o Centro “um lugar bom para morar, para investir e para viver”.
Quais são seus planos à frente do Escritório de Gestão do Centro do Recife?
Estou muito confiante de que o Programa Recentro vai colocar a área central do Recife em um novo patamar de desenvolvimento, combinando o estímulo à moradia com a chegada de novos empreendimentos privados e investimentos públicos, modificando o cenário atual e tornando o ambiente favorável para quem deseja investir e fixar moradia de longa duração no centro histórico de nossa cidade. Essa região que o Recentro engloba está no coração e no imaginário de todo morador do Recife. É lá que o comércio popular é pulsante, tem força. É lá que boa parte da atividade cultural da cidade se materializa. Onde encontramos os principais equipamentos turísticos e de lazer, sem falar no potencial econômico de ter o maior ecossistema de tecnologia e inovação às margens dos rios Capibaribe e Beberibe, com o Porto Digital. Diante de tudo isso, a expectativa é muito boa e, ouvindo os diversos setores com atuação nos bairros do Recife, São José e Santo Antônio, conseguiremos ao longo dos próximos meses estabelecer canais de diálogo e estruturar projetos para termos entregas concretas à população.
Uma das propostas para o centro é o Corredor do Comércio, um projeto da CDL (Câmara de Dirigentes Lojistas). O que a senhora acha desse projeto e quais as chances de ser implantado?
Com o passar dos anos e a presença cada vez maior dos shopping centers no dia a dia da população, o tradicional comércio de rua da cidade, aquele que remonta à nossa ideia de “vamos no Centro”, foi se perdendo com o tempo. Mas é lá no “Centro da cidade” que a gente, ainda hoje, encontra uma variedade muito grande de produtos, na maioria das vezes, com preços muito mais competitivos do que encontramos nos shoppings. Temos um polo comercial pujante que começa na Rua da Imperatriz, emendando com a Rua Nova e desembocando na Avenida Dantas Barreto. Nesse itinerário e no seu entorno, encontramos tradicionais lojas do Varejo. É que é importante a gente aglutinar ações, enquanto poder público municipal, para estimular o retorno dos consumidores à região, gerando emprego e renda e movimentando nossa economia.
Dois problemas apontados pela CDL para a viabilidade do projeto são a segurança e a ocupação ilegal das calçadas. Quais as propostas para resolver essas dificuldades?
A ideia de estimular a moradia e a ocupação desses bairros em todos os horários do dia e todos os dias da semana vai nos ajudar a resolver o gargalo da segurança pública. Isso porque, com as pessoas morando e vivendo o cotidiano nesses locais, a vigilância social, combinada com a atração de novas atividades econômicas, a exemplo de supermercados, farmácias, minimercados, restaurantes e várias atividades, provocam uma nova dinâmica e ativação do nosso Centro Histórico, restaurando a sensação de segurança na área.
Leia a entrevista completa na edição 190.2: assine.algomais.com