Percussionista pernambucano apresenta a música em show no dia 9 de fevereiro, no Casbah, em Olinda. O disco “O Sopro e a Percussão” chega ao público em março
Um dos músicos mais experientes e inventivos da atual cena pernambucana volta a brilhar em um trabalho autoral. Aos 38 anos, e com pouco mais de 26 de carreira, Gilú Amaral lança neste começo de ano seu novo disco, batizado de “O Sopro e a Percussão”. Antes, porém, o artista se dedica ao lançamento do single “Mourisca”, que chega no dia 9 de fevereiro a todas as plataformas digitais e com show no Casbah, em Olinda, a partir das 20h. A ocasião também contará com uma jam session de percussão conduzida por Guilherme Peluci. Entre outras conquistas, o percussionista é o fundador da Orquestra Contemporânea de Olinda e participou de diversas bandas, como a Academia da Berlinda.
O novo álbum dá seu recado já a partir do título: “O Sopro e a Percussão” veio ao mundo, segundo Gilú Amaral, para enfatizar a força da percussão e a potência dos metais dentro da música que é feita em Pernambuco. São sete faixas, gravadas, mixadas e masterizadas entre 2017 e 2021, no Estúdio Carranca. Nelas, o artista lançou um desafio à equipe envolvida, num time de músicos tarimbados liderado por Henrique Albino, mas que conta também com Parrô Melo, Ivan do Espírito Santo, Nilsinho Amarante e Alexandre Rodrigues (Copinha), Alex Santana e Jonatas Gomes, entre outros. “Me sinto muito experiente, à vontade em ter feito esta provocação de as composições começarem a partir da percussão, para só depois convidar os arranjadores para colocar em cima da peça percussiva os seus arranjos de metais”, comenta ele. O mais comum é a lógica ser inversa, já existindo uma melodia para depois ser acrescentada a parte rítmica.
Embora seja um disco brasileiro, o ouvinte mais atento logo percebe que “O Sopro e a Percussão” possui também uma relação muito estreita com a música mundial. “As raízes desta árvore se batem lá no subsolo, se entrelaçam em algum momento. Mostra como vejo isto e como influencia em minha música atual. Remete ao regional, mas ao mesmo tempo com uma pegada jazzística, com muita inteligência das coisas que vi no mundo. Também tem fortes influências de Moacir Santos, do Hermeto [Pascoal], de Naná Vasconcelos, Letieres Leite, que me inspiraram a fazer este disco”, observa Gilú.
Seguindo um caminho diferente do primeiro disco solo “Pejí” (2018), o álbum lançado agora é todo instrumental. Cada música tem um espírito, uma energia diferente. É recheado de sonoridades distintas, vários tipos de percussão, como a mimbira, a zabumba, a alfaia, o pandeiro, o ilú, a ngoma, o caixa, o ganzá, o baji, o berimbau. “A gente tem em Pernambuco muitos ritmos percussivos, como o maracatu, o coco e a ciranda, num estado com uma diversidade cultural muito grande, e temos o frevo, que é um dos nossos principais ritmos. Continuamos enfatizando estas duas grandes escolas, mas crio peças percussivas explorando ritmos originários e também fazendo releituras de ritmos do mundo afora, mesclando, trazendo minha bagagem como músico profissional, tendo passado por tantas bandas”, compara.
Trajetória
Um dos principais projetos da carreira de Gilú Amaral foi o espetáculo solo “Percursos”, de 2015, e que o levou a fazer turnês nos Estados Unidos e na Europa, duas vezes. O artista também participou de festivais e tocou em casas de shows importantes, como a Casa da Música, em Porto (Portugal). “Desde criança, quando comecei a subir ao palco, toco do mesmo jeito, imerso em cena, encarando o público com a mesma entrega”, explica ele, que aos 12 anos ganhou os primeiros cachês e, aos 19, se lançou no mercado internacional. Até hoje, Gilú já esteve presente na gravação de mais de 200 discos e turnês, a exemplo de Naná Vasconcelos, além de Ave Sangria, Renata Rosa, Banda de Pau e Corda e Bonsucesso Samba Clube.
A Orquestra Contemporânea de Olinda, da qual é um dos fundadores, também lhe abriu muitas portas, com indicação ao Grammy e por ter sido escolhido entre os 10 Melhores Concertos do Brasil, em ranking do jornal O Globo. Gilú também é produtor musical, compositor de trilhas sonoras para filmes e espetáculos de dança, além de curador do Festival Aurora Instrumental. “Sou um cara que pensa a música de forma ampla, tenho um festival como o Aurora Instrumental, que em sua edição mais recente, no final do ano passado, por exemplo, fez uma edição inteira dedicada às mulheres e que busca encarar a arte pelo viés da transformação social, em como isto chega na sociedade”, pontua. Outra parceria importante na trajetória do artista foi com o DJ Rimas.INC (Clécio Rimas), mesclando instrumentos percussivos com as batidas eletrônicas.