Polêmicas à parte, o ChatGPT é um ponto de inflexão para a inteligência artificial – Revista Algomais – a revista de Pernambuco
OBSERVATÓRIO DO FUTURO

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Bruno Queiroz Ferreira

Polêmicas à parte, o ChatGPT é um ponto de inflexão para a inteligência artificial

N as últimas semanas, um dos assuntos mais falados é o ChatGPT, um aplicativo baseado em inteligência artificial, que é capaz de produzir textos que simulam a linguagem humana. Como sempre acontece com as novas tecnologias, as polêmicas se espalham rapidamente, misturando dúvidas e medos. O ChatGPT pode substituir os professores na sala de aula? Vai acabar com os jornalistas? O Google está com os dias contados? A proposta desse artigo é tentar esclarecer algumas dessas questões, em parceria com o próprio ChatGPT. Por que não?

Antes de tudo, vamos deixar que o ChatGPT se apresente.

Eu sou o ChatGPT, um grande modelo de linguagem desenvolvido pela OpenAI. Fui projetado para entender e gerar texto semelhante ao humano e ajudar os usuários em uma ampla gama de tarefas, como responder a perguntas, escrever, resumir e muito mais. Fui treinado em uma grande quantidade de dados de texto, o que me permite entender e gerar texto com alto grau de precisão. Meu limite de conhecimento é 2021 e meu objetivo é fornecer respostas úteis e precisas com o melhor de minhas habilidades.

Por que o ChatGPT é revolucionário, como se diz por aí?

ChatGPT, abreviação de “Conversational Generative Pre-training Transformer”, é considerado revolucionário por causa de sua capacidade de gerar texto humano. Isso é possível graças à sua grande arquitetura de rede neural e ao uso de uma técnica chamada pré- -treinamento, que permite aprender padrões de um grande corpus de texto. Uma das principais razões pelas quais o ChatGPT é considerado revolucionário é sua capacidade de gerar texto virtualmente indistinguível do texto escrito por humanos. Isso abre uma ampla gama de possibilidades para aplicativos como tradução de idiomas, resumo de texto e conversão de texto em fala.

Agora vamos às polêmicas: o ChatGPT pode substituir um professor?

O ChatGPT não pretende substituir os professores humanos, mas sim auxiliá-los. Um professor humano traz qualidades únicas para a experiência de ensino, como interação pessoal, apoio emocional e orientação. Os professores são responsáveis por criar um ambiente de aprendizagem seguro e inclusivo e por fornecer orientação e apoio emocional para seus alunos. O ChatGPT e outras ferramentas baseadas em IA têm o potencial de auxiliar os professores em diversas tarefas, como planejamento de aulas, notas e avaliações, aprendizagem personalizada. Além disso, ferramentas baseadas em IA, como o ChatGPT, não podem substituir a criatividade, a flexibilidade e o pensamento crítico exigidos de um professor.

Mais uma polêmica: o ChatGPT pode acabar com os jornalistas?

É importante notar que, embora o ChatGPT possa tornar as tarefas do jornalista mais eficientes, ele não deve ser usado como um substituto para os jornalistas humanos, mas sim como uma ferramenta para auxiliá-los. O ChatGPT, como qualquer outra ferramenta baseada em IA, também pode ter algum impacto negativo nas tarefas dos jornalistas. Os jornalistas podem se tornar muito dependentes do ChatGPT e de outras ferramentas de IA, levando à falta de pensamento crítico e criatividade em seu trabalho. O conteúdo gerado pelo ChatGPT pode não ter o toque humano e a perspectiva pessoal que é importante no jornalismo. O ChatGPT pode ser treinado em um conjunto de dados que contém desinformação ou viés, que pode se espalhar pelo conteúdo gerado. O conteúdo gerado pelo ChatGPT pode conter erros ou imprecisões, o que pode comprometer a qualidade e a credibilidade das notícias relatadas.

Vamos falar de negócios. O Google está com os dias contados?

O ChatGPT é um modelo de geração de linguagem e não é um motor de busca como o Google. No entanto, pode ser integrado a mecanismos de pesquisa para melhorar a qualidade dos resultados e a experiência do usuário. A tecnologia ainda está em seus estágios iniciais e ainda está longe de igualar as capacidades do Google, que usa um algoritmo complexo que leva em conta muitos fatores e é capaz de retornar os resultados mais precisos e relevantes possíveis.

De uma forma geral, dá para notar que as respostas geradas pelo ChatGPT são sempre polidas e políticas. Isso não é à toa. Como é explicado nas respostas geradas pelo próprio ChatGPT, houve um pré-treinamento realizado por humanos. De certa forma, essa técnica traz em si mesma um viés por eliminar o contraditório, tornando as respostas muito “limpinhas e bem-comportadas”. Apesar de ser uma grande evolução, a minha avaliação é que ainda tem um caráter artificial e robótico. Até porque seres humanos não escrevem assim na vida real. Ainda bem.

Analisando as respostas, temos que levar em conta que são usadas fontes existentes sobre o tema pesquisado. Então, não há um novo pensamento. Sobre o Google, não dá para comparar ainda uma ferramenta de busca diretamente com uma IA de linguagem natural. O escopo de um buscador é muito maior. Mas o ChatGPT é uma ameaça real ao Google se for incorporada aos mecanismos concorrentes, porque facilita a vida dos usuários, que não precisam clicar em diversos links. Um diferencial que o Google terá que correr atrás.

No caso dos professores, o problema não está apenas em uma possível substituição, mas também no uso inadequado do ChatGPT pelos alunos, podendo afetar o desenvolvimento do pensamento crítico e da criatividade. Na resposta sobre os jornalistas, diferentemente do que o chat GPT considerou, haverá um grande impacto na profissão, pois a automatização levará à necessidade de menos jornalistas (incluindo advogados também) para fazer o mesmo trabalho. Por outro lado, a IA não terá como fazer uma reportagem investigativa, pois ela só reproduz o que já foi escrito pelo ser humano.

Essas foram apenas algumas questões que pudemos responder nesse artigo. Fato mesmo até agora é que quem se deu bem com o ChatGPT foi a Microsoft, principal financiadora da tecnologia desde o seu início, e que fechou um acordo no valor de US$10 bilhões para incorporar a inovação em vários de seus produtos, tais como Word, Powerpoint, Azure, Outlook e Bing. Considerando as informações até agora divulgadas, a adoção do ChatGPT no Word e no Outlook, auxiliando a produção de textos e de e-mails, parece ser a mais revolucionária utilidade dessa tecnologia.

Apesar de não ser uma grande novidade, pois há iniciativas semelhantes, como o LAMBDA do Google (escrevi sobre isso na edição de junho de 2022 da Algomais), o ChatGPT é um ponto de inflexão na evolução da inteligência artificial. Sem dúvida. A partir de agora, a IA será vista e consumida de outra forma. Isso porque foi a primeira aplicação de linguagem natural a se tornar aberta ao grande público, a quebrar as barreiras dos laboratórios e a não cobrar pelo uso (pelo menos até agora). Seu grande passo foi largar na frente na corrida de fazer com que a IA seja integrada às nossas vidas e, em muitos casos, sem que percebamos a sua “presença”.

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