Com foco confirmado em granja comercial e primeiro caso humano, especialistas reforçam a importância da biossegurança para proteger a avicultura e a população
O Brasil enfrenta um novo desafio sanitário com a confirmação do primeiro caso humano de gripe aviária, registrado em um trabalhador de granja no Espírito Santo, e a detecção inédita do vírus H5N1 em uma granja comercial no Rio Grande do Sul. Desde maio de 2023, o país já contabiliza 153 focos da doença em aves silvestres e de subsistência, mas a recente invasão em produção comercial, que levou ao abate de mais de 17 mil aves em Montenegro (RS), acendeu o alerta das autoridades e do setor produtivo.
Apesar do impacto, o Ministério da Saúde reforça que o risco de transmissão para a população permanece baixo. A médica infectologista Sílvia Fonseca, docente do IDOMED, esclarece: “O vírus H5N1 não é transmitido pelo consumo de carne de frango ou ovos devidamente cozidos. O calor destrói o vírus, então a ingestão desses alimentos, quando bem-preparados, é segura”. Segundo ela, o maior perigo está no contato direto com aves contaminadas e seus resíduos, especialmente para quem trabalha em granjas ou lida com animais.
A prevenção é fundamental para evitar a disseminação do vírus. Recomendações como evitar o contato com aves doentes ou mortas, usar equipamentos de proteção ao manipular animais no campo, e garantir o cozimento adequado de carnes e ovos são medidas simples, porém eficazes. Além disso, a notificação imediata de casos suspeitos segue obrigatória, garantindo o rápido acionamento das equipes de vigilância epidemiológica. “A população não precisa se alarmar, mas deve buscar informações confiáveis. O Brasil tem protocolos rigorosos e equipes treinadas para agir rapidamente em caso de surtos”, destaca a especialista.
No âmbito econômico, a entrada do vírus em granjas comerciais traz graves consequências para o agronegócio brasileiro, principal produtor e exportador mundial de aves. Zeca Pansonato, coordenador do curso de Agronomia da Wyden, reforça que “é fundamental reforçar o controle da circulação de pessoas, veículos e equipamentos nas propriedades, além de impedir o acesso de animais silvestres”. A adoção rigorosa das normas de biossegurança e a educação sanitária no campo são essenciais para proteger a produção e evitar prejuízos econômicos, como embargos temporários nas exportações.