Durante a produção da matéria de capa de maio da Revista Algomais, entrevistamos o economista Pedro Neves, da Evolution Assessoria Econômica, sobre as mudanças do cenário empresarial de Caruaru na última década. Com a profissionalização dos empresários e a chegada de empreendedores de outras partes do País, o especialista avalia que há uma ruptura econômica e social no mercado regional. Confira essa conversa na íntegra abaixo.
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Como você avalia a mudança de perfil dos empresários de Caruaru, daquele início de muita informalidade e empreendedorismo para esse momento atual de mais sofisticação do negócios?
PEDRO NEVES – Hoje a região passa por transição de gerações a frente das empresas. Filhos e netos começam a assumir a direção dos negócios. E essa mudança vem carregada com um elemento chave, a formação em gestão e áreas técnicas. Essas gerações tiveram oportunidades em educação profissional que seus antecessores não obtiveram. E isso faz total diferença na condução das empresas. Além disso, boa parte tem aderido a novas formas de empreendedorismo e inovação. Setores de tecnologia da informação, design, entre outros começam a se destacar na região. São empreendedores que não querem se restringir mais a uma fronteira regional. Seja na produção ou na comercialização.
Quais os principais motivos de mudanças do comportamento empresarial nesse período?
PEDRO NEVES – As motivações estão relacionadas aos aspectos de mercado. A competitividade pressiona as empresas maior profissionalização, busca por produtividade e por métodos produtivos mais sustentáveis. Neste sentido, as empresas regionais buscaram se adaptar a essa evolução.
Com um tecido empresarial mais profissional quais as principais mudanças que aconteceram nas empresas e quais as perspectivas de desenvolvimento econômico para a cidade?
PEDRO NEVES – As empresas hoje absorvem um capital humano mais qualificado. Isso gera um ganho do produtividade muito significativo. Ganhos de eficiência, eficácia, padronização e também de padrões éticos no ambiente de trabalho. Há uma ruptura econômica e social no mercado.
Qual o impacto da chegada das universidades e instituições como Sebrae, Senai e Armazém da Criatividade para a qualificação empresarial de Caruaru?
PEDRO NEVES – Essas instruções trouxeram um arcabouço teórico e técnico fundamental para que essas empresas alcançassem a evolução mercadológica já em andamento. A academia tem esse papel de qualificar a mão de obra e de trazer para o mercado novas perspectivas, novos conhecimentos e mudar paradigmas. As pesquisas acadêmicas e os métodos de órgãos como o Sebrae dão sustentação para que as empresas possam encontrar caminho do desenvolvimento.
A chegada de empresários de outras regiões (do Recife e de outros Estados) parece ter sido uma novidade na última década. Qual a contribuição desses novos empresários para a cidade e até para estimular uma nova cultura empresarial?
PEDRO NEVES – Tem sido muito comum novos empreendimentos e empresários chegarem aqui. O primeiro ponto são empresas e marcas multinacionais que estabelecem novos padrões para região. Estimulam a competitividade. O segundo aspecto é cultural, muitos empreendedores que chegam a região geram um intercâmbio cultural interessante. Estimulam a inovação, a qualificação. São os ganhos da economia do conhecimento. A relevância geográfica da região, centro do nordeste, facilita a esse desenvolvimento. É importante observar como Caruaru vem evoluindo em indicadores de centros e pólo regional, medido por órgãos como IBGE. Nós últimos 20 anos a cidade teve esse desenvolvimento. Esses indivíduos e entidades de fora doa cidade e do estado são elementos chave neste processo.