Idosos e vacinas contra a Covid-19: quais os cuidados após serem vacinados? - Revista Algomais - a revista de Pernambuco

Idosos e vacinas contra a Covid-19: quais os cuidados após serem vacinados?

Rafael Dantas

Os idosos são prioridade, junto com profissionais da saúde, na fila da vacinação. Os cuidados com eles desde o início dessa pandemia era pra que não contraíssem o vírus, mas agora as coisas estão mudando e muitos dos nossos idosos já estão recebendo o imunizante que vai trazer esperança de dias melhores. A cautela ainda existe. Mas, agora, muitos deles, dos familiares e dos cuidadores estão preocupados em como será o cuidado com eles depois da vacinação e se, de fato, não existe nenhum perigo em tomar a tão falada vacina.

Segundo a médica geriatra Sandra Brotto, coordenadora da especialização médica em geriatria da Faculdade IDE, as reações adversas costumam ser raras e bem toleradas em ambas as vacinas disponíveis no Brasil. Mas, mesmo após a primeira dose, o idoso deve manter os mesmos cuidados, pois a imunidade só é alcançada cerca de 15 dias após a segunda dose. “É preciso enfatizar que a vacinação é uma medida, não apenas de cunho individual, mas coletivo, uma vez que, para reduzir de forma efetiva a transmissão teremos que atingir a vacinação de ¾ da população, o que não ocorrerá no primeiro momento”, conta.

Agenda TGI

Entretanto, a geriatra lembra que a vacina também se mostrou eficaz na redução de manifestações graves, internação e mortalidade, o que impacta de forma significativa na preservação da saúde e da qualidade de vida dos nossos idosos. “Uma vez imunizado, o idoso ainda pode, em teoria, contaminar-se e apresentar sintomas leves a moderados da doença, trazendo algum desconforto sintomático. Além disso, mesmo imune, ao entrar em contato com alguém infectado, é possível carrear o vírus na pele, nas mãos e nas roupas, tornando-se o transmissor para outro indivíduo ainda não vacinado”, ressalta a coordenadora da especialização médica em geriatria da Faculdade IDE.

Ou seja, mesmo após a vacinação, todas as medidas de segurança e higiene devem ser mantidas. E, depois que a imunização for realidade para a maioria das pessoas, o desafio será recomeçar. “Acredito que todo recomeço é um processo gradual. Afinal, estamos lidando, todos os dias, com o desconhecido, desde o início da pandemia. Porém, quando atingirmos cerca de 75% da população vacinada e diminuirmos a transmissão, observaremos a redução das hospitalizações e das mortes pela covid-19. Assim, creio que a segurança em sair voltará, assim como toda agenda social dos idosos, que poderão retornar enfim, aos seus pilates, cursos, bailes, trabalho e viagens. A família e os amigos serão primordiais na recuperação dessa socialização”, diz a médica geriatra Sandra Brotto.

Saúde mental do idoso em tempos de pandemia

A caminhada até aqui não tem sido fácil e é bom estarmos atentos aos sinais de mudança de humor e comportamento para não descuidar da saúde mental dos idosos. De acordo com a geriatra Sandra Brotto, os danos psicológicos foram devastadores: aumento dos sintomas ansiosos e depressivos, perda de funcionalidade e prejuízo no funcionamento motor tem sido relatados no mundo inteiro. “Algumas pessoas mais próximas dos idosos inclusive já perceberam diferenças, mas ainda estão com medo de retirá-los de casa para irem a médicos e psicólogos, a fim de iniciar tratamento adequado”.

Dito isto, faz-se importante elencar o papel da telemedicina, modalidade nova que ganhou grande impulso no isolamento social, e que pode ajudar a consolidar o diagnóstico, não postergar mais o início do tratamento e evitar danos irreparáveis. Por outro lado, outras famílias, até por conta do distanciamento social, ainda não se deram conta dos reais prejuízos trazidos, a saúde mental de seus idosos, pela pandemia. “Gostaria de explicar que não apenas choro e apatia são sinais de depressão no idoso, mas que sintomas atípicos, como perda de peso, déficit cognitivo, transtornos de sono e irritabilidade, também são apresentações comuns nessa faixa etária”, completa a coordenadora da especialização médica em geriatria da Faculdade IDE.

Enquanto a vacina não chega para todos...

Ainda não chegou imunizante para todos os idosos, por isso é preciso continuar com todas as precauções. “As medidas de segurança contra a transmissão da covid-19 continuam sendo muito importantes. Uso de máscaras e álcool gel, evitar aglomerações e saídas desnecessárias, manter o isolamento de crianças e pessoas que estejam trabalhando, desinfetar com álcool elementos que venham da rua, continuam valendo como as principais ações a serem tomadas”, aconselha Sandra Brotto. Outro ponto importante é controle da ansiedade.

“Todo esse tempo de pandemia tem sido um gatilho para o aumento da ansiedade por vários aspectos: medo de adoecer ou de morrer, insatisfação por falta de vida social, tristeza pelo isolamento sem poder abraçar filhos e netos, luto por perda de parentes e amigos. A vacina vem como um alento no meio disso tudo e a ansiedade nesse caso por se proteger, faz parte da natureza humana, principalmente nos idosos, por ser o grupo de maior risco”, analisa geriatra.

Estratégias, enquanto aguardam a vacinação e a sonhada imunidade, como prática de meditação e atividade física, alimentação leve e balanceada, videochamada com familiares e amigos, além de atividades de lazer e de estimulação cognitiva podem ajudar a passar o tempo com qualidade. “Entre os exemplos: leitura, trabalhos manuais, dança, canto, quebra-cabeça, palavras cruzadas, caça palavras, bordado e pintura, dentre tantas outras”, finaliza a médica geriatra Sandra Brotto, coordenadora e também professora da especialização médica em geriatria da Faculdade IDE.

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