“E Deus não acudiu ninguém” segue o olhar puro, mas vigoroso, de Conceição Rodrigues sobre o envolvimento cotidiano entre personagens, figurantes e suas circunstâncias. A sequência dos textos nos leva à imersão no inusitado, com cenários tingidos pelo grotesco que, no entanto, erguidos pela habilidade da autora, seduzem o leitor criando cenas sem o habitual clima inóspito característico do gênero.
A postura assertiva, no descerrar das cortinas, no acender do palco e no enforcar o desfile das idiossincrasias do mundo, traduz a inquietação da autora já revelada em publicações anteriores.
O apuro técnico revelado na composição dos textos, sinaliza virtudes conquistadas na passagem pela Oficina de Criação Literária de Raimundo Carreiro, pit stop para os que amam o semear letras e o colher das palavras.
Obediente às exigências estéticas, a obra tem o selo da Editora Patuá, coordenação de Eduardo Lacerda e elogiável projeto visual de Roseli Vaz. Os exemplares podem ser adquiridos no Instagram @cecitarodrigues
*Paulo Caldas é Escritor