OBSERVATÓRIO DO FUTURO

OBSERVATÓRIO DO FUTURO

Bruno Queiroz Ferreira

Impedir o avanço da Inteligência Artificial ou se juntar a ela, eis a questão?

Tudo que é novo traz medo e incerteza. É isso que está ocorrendo com a inteligência artificial neste momento. Por um lado, algumas ameaças são de ordem prática e com efeito de curto prazo. Por outro, são exageradas e estão no campo da ficção. Mas há uma grande questão a ser respondida. Sucumbir ao medo e apoiar o impedimento da IA ou se juntar a ela para ajudar a definir seu rumo e beneficiar a humanidade?

Vamos aos medos. O primeiro medo mais comum é o desemprego em massa. De fato, as consequências no mercado de trabalho serão de grande proporção. Isso porque as aplicações de IA promovem, ao mesmo tempo, aumento de produtividade, de qualidade e de escala. Dispositivos associados à IA, por exemplo, fazem o trabalho mecânico e repetitivo melhor, mais rápido e mais barato do que os humanos.

Além disso, a inteligência artificial possui uma grande capacidade transformadora, alta velocidade de implantação e muita intensidade em seus impactos. Por isso, o balanço final entre geração e fechamento de vagas devido às consequências da IA tende a ser negativo. O desemprego em muitas áreas será uma realidade nos próximos anos.

O segundo medo mais comum é que a IA desenvolva pensamento autônomo. Um dos exemplos mais citados é a possibilidade do disparo de um míssil atômico a partir da análise de uma aplicação sobre uma informação na internet. Aí estamos entrando no campo da ficção, quando várias aplicações têm o poder de se conectarem sozinhas e tomar decisões para as quais não foram programadas.

Essa é chamada IA Geral. Mas que, na prática, tem outros objetivos, como permitir a conexão dos semáforos se uma cidade com carros autônomos para melhorar a fluidez do trânsito. Espera-se também desse tipo de interligação a diminuição dos acidentes e, por consequência, menos vítimas fatais. Expandindo esse conceito para outras áreas, a IA seria uma grande “cola” que possibilitará a ampliação dos benefícios de sistemas que hoje não se “falam”.

E por que se juntar à IA? Em contraponto à ameaça de desemprego em massa, a inteligência artificial traz a possibilidade de “libertar” os humanos de trabalhos precarizados que não oferecem perspectiva profissional: motorista de transporte coletivo, caixa de supermercados, entregadores, carregadores, vigilantes etc. Na prática, diante das perspectivas que a IA pode oferecer, podemos considerá-los atualmente até como humanos fazendo trabalhos de robôs.

Outro avanço que a inteligência artificial pode proporcionar à humanidade é a educação personalizada de acordo com a necessidade de cada aluno. Na medicina, a IA é capaz de fazer diagnósticos de forma mais precisa e rápida, além de acelerar pesquisas para a cura de doenças como o câncer, entre outros usos. Ou seja, as possibilidades de interligação e personalização que a IA pode alcançar encaminham a resolução de problemas que estão sem solução em diversas áreas neste momento.

Nessa direção, de uma forma geral, a IA é mais benéfica do que problemática. Olhando em perspectiva, o saldo tende a ser mais positivo do que negativo, mas é preciso dar um rumo ético e civilizatório. Sem regulação, é difícil conter as ameaças de curto prazo, como as consequências socioeconômicas do desemprego em massa. Sem algum tipo de controle, a inteligência artificial dá mais medo do que traz solução.

Portanto, faz mais sentido unir-se a ela. Até porque os sinais mostram que a inteligência artificial é uma ponte que vai ser queimada: quem não atravessar logo ficará sentado à beira do caminho, como diz a música. Isso porque a história nos mostra que essa mesma ponte já queimou outras vezes quando tecnologias se tornam populares, como a eletricidade, o computador pessoal, a internet e os smartphones, por exemplo. O mundo se tornou melhor depois que elas chegaram.

Como já escrevi em outros artigos, impedir a evolução da IA, mesmo que temporariamente, é barrar a evolução da humanidade, em última análise. Como diz uma charge que tem circulado nas redes sociais, estou mais preocupado com o que os humanos podem fazer com IA do que com o que a IA pode fazer com os humanos.

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