Da Fecomércio-PE
O índice de Intenção de Consumo das Famílias pernambucanas (ICF-PE) registrou retração de 3,3% em maio na comparação com o mês de abril, caindo de 69,7 para 67,4 pontos. Essa é a segunda queda consecutiva do índice em 2021, após ter registrado crescimento nos meses de novembro de 2020 a março deste ano. Em maio do ano passado, o ICF alcançou 71,6 pontos. Portanto, na comparação anual, o índice apresentou queda de 5,9% em maio de 2021.
O ICF é um indicador com o objetivo de antecipar a tendência de evolução das vendas no comércio, a partir da investigação de aspectos que influenciam o comportamento do consumidor, como emprego, renda e capacidade de consumo. O índice é apresentado na escala de 0 a 200 pontos, sendo que níveis abaixo de 100 pontos significam insatisfação e acima de 100 pontos expressam satisfação. Para mensurar esses níveis, a pesquisa investiga a situação atual do consumidor com relação a um ano atrás, bem como as suas perspectivas para os próximos seis meses.
O resultado do ICF-PE em maio, portanto, indica que o consumidor pernambucano está mais insatisfeito, tanto em relação a maio de 2020 quanto em relação aos meses de março e abril de 2021. Em Pernambuco, esse resultado seguiu a tendência do Brasil, cujo índice também registrou queda em abril e maio, fincando no mesmo patamar observado no estado. Nesse sentido, é importante observar com atenção a dinâmica do comércio estadual nesse segundo trimestre, pois retrações no ICF sugerem redução do ímpeto de compras.
A percepção dos consumidores quanto ao nível de consumo atual e as perspectivas de consumo para os próximos seis, em relação ao mesmo período no ano anterior, corroboram essa expectativa: em maio, para 63,6% das famílias a avaliação é de que estão consumindo menos em relação ao mesmo mês do ano anterior e 57,1% têm a perspectiva de que consumirão menos no segundo semestre de 2021 em relação ao mesmo semestre de 2020.
Pernambuco: Percentual de Famílias segundo a avaliação do nível de consumo atual e a perspectiva de consumo para o segundo semestre, em relação ao ano anterior (valores em %) – maio/2021
Fonte: CNC/Fecomércio-PE
Na comparação com abril, as principais contribuições para a queda do ICF vieram do indicador da ‘perspectiva de consumo’, que registrou variação de -11,3%, e do indicador de ‘momento para duráveis’, com variação de -5,6%. O único indicador em que não ocorreu retração na comparação com abril de 2021 foi o da ‘perspectiva profissional’, porém apresentou variação quase nula (+0,3%). O indicador de ‘compras a prazo’, por sua vez, registrou variação negativa, mas também quase nula (-0,8%) com relação a abril.
Se a expectativa sobre o mercado de trabalho no curto prazo não sofreu modificação significativa, a percepção sobre a manutenção do emprego e do nível de renda atuais, por outro lado, se deteriorou em maio, com variações de -2,9% e 3,7%, respectivamente, levando a percepção de um nível de consumo também menor (-1,9%) em relação ao mês anterior.
Na comparação com maio de 2020, a retração foi quase generalizada, o único quesito em que a intenção dos consumidores apresentou crescimento foi o de ‘acesso ao crédito para compras a prazo’, com variação de +17,1%. Em maio de 2021, esse indicador também é o que se encontra em patamar mais elevado. Este movimento sugere que, apesar das condições atuais do emprego e da renda estarem piores, as famílias enxergam maior facilidade e, no curto prazo, podem estar propensas a contrair novas dívidas para continuar consumindo.
Essa é uma reflexão relevante sobre o ímpeto de consumo das famílias pernambucanas, visto que a Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (PEIC/CNC) em abril já registrou que 4 em cada 5 famílias no estado se encontram endividadas, por um prazo médio de 7 meses, e quase 1/3 delas já estão com dívidas atrasadas. Sendo o cartão de crédito o principal vetor de dívidas, espera-se que essa facilidade de acesso avaliada pelas famílias ajude a manter elevados o nível e o prazo de endividamento nos próximos meses.