Levantamento mostra que aportes privados têm retorno mais rápido, enquanto recursos públicos são fundamentais para regiões menos atrativas economicamente. Foto: Freepik
Os investimentos em infraestrutura rodoviária tiveram impacto decisivo no desempenho do setor de transporte brasileiro nas últimas duas décadas, segundo estudo inédito da Confederação Nacional do Transporte (CNT). A análise indica que aportes privados geram efeitos mais imediatos sobre o PIB do transporte, enquanto os públicos, embora mais lentos, são essenciais para ampliar a cobertura e reduzir desigualdades regionais.
De acordo com a nova edição da Série Especial de Economia – Investimentos em Transporte, um aumento de 1% nos investimentos privados em rodovias gera crescimento instantâneo de 0,09% no PIB do setor, chegando ao pico de 0,17% em apenas nove meses. Já os investimentos públicos, no mesmo patamar, resultam em alta inicial de 0,02% e atingem 0,15% somente após um ano e meio. “Enquanto o setor público desempenha papel essencial na promoção de investimentos estruturantes, especialmente em áreas menos atrativas economicamente, o setor privado contribui com eficiência operacional, capacidade de execução e foco em metas de desempenho, como se observa nas rodovias concedidas”, destaca Vander Costa, presidente do Sistema Transporte.
Os números reforçam o peso estratégico do setor na economia. Em 2024, o transporte movimentou R$ 366,26 bilhões – 3,1% do PIB nacional – e empregou 2,88 milhões de trabalhadores. O modal rodoviário é predominante, responsável por 65% das cargas e pela mobilidade de mais de 90% da população. Ainda assim, o país enfrenta gargalos estruturais: apenas 12,4% da malha é pavimentada e 67% das rodovias avaliadas estão em estado regular, ruim ou péssimo, segundo a Pesquisa CNT de Rodovias 2024.
A diretora executiva interina da CNT, Fernanda Rezende, lembra que a qualidade da infraestrutura impacta diretamente a competitividade do Brasil. “Ainda operamos com uma infraestrutura deficiente e desigual. Investir nesse setor não significa apenas aprimorar a malha logística, mas, também, impulsionar o crescimento econômico sustentável. Tanto os recursos públicos quanto os privados são indispensáveis. Quanto melhor forem direcionados, mais rápido e expressivo será o impacto no PIB do transporte e na competitividade do Brasil”, afirma. A CNT estima que seriam necessários R$ 99,77 bilhões para recuperar e manter a malha rodoviária do país, sem os quais o setor seguirá limitado em eficiência e competitividade.