Em Lampião & Maria Bonita, Barreira apresenta a biografia de um dos casais mais emblemáticos da história do Brasil e informações detalhadas de cada um dos personagens. O autor realizou uma pesquisa minuciosa no nordeste, incluindo diversas entrevistas, entre elas uma com a neta do casal e com outros biógrafos de Lampião e Maria Bonita. O livro ainda traz curiosidades e reconstrói algumas das cenas mais simbólicas da época, como o assassinato do casal e membros do bando.
Uma das principais entrevistas, publicada no jornal O Ceará, e realizada pelo médico Octacílio Macedo, descreve Lampião como “um homem calmo e decidido e que falava sem se perturbar, pesando as palavras”. Macedo afirma que, durante a conversa, Virgulino Ferreira da Silva, o Lampião, atirava moedas pela janela para as crianças na rua e dizia que seu método era baseado em pedir dinheiro aos ricos e tomar à força dos que lhe negavam auxílio, mas que não era um homem de posses.
O livro retrata os momentos mais importantes e lendários vividos pelo Rei do Cangaço e pelo casal. Wagner dedica dois capítulos do livro à história de Maria Bonita, incluindo impressões que coletou em suas pesquisas pelo nordeste e em relatos de outros jornalistas. A relação da companheira de Lampião com as outras cangaceiras e cangaceiros, sua personalidade única, versões distintas sobre a origem de seu apelido – que divide os pesquisadores do cangaço – são alguns dos temas explorados na obra.
Considerada ficção coletiva, a saga de Lampião é contada há quase um século por autores e narradores que não raro moldam a História às suas necessidades, convicções e ambições. Há variações nos perfis retratados, “que vai do herói sertanejo que combateu as desigualdades, passa pelo homem de negócios que transformou o cangaço em meio de vida, e chega ao assassino sanguinário, ao bandido sem escrúpulos”. Todas estas maneiras justas e possíveis de falar da complexidade de um sujeito que foi tudo isso e muito mais.