O diretor comercial do Lafepe, Djalma Dantas, foi um dos entrevistados da última edição da Revista Algomais, sobre o setor farmacêutico/farmacoquímico de Pernambuco. Publicamos hoje as respostas na íntegra sobre o trabalho do laboratório estatal, que tem 620 funcionários, que fabrica uma série de medicamentos estratégicos para o Sistema Único de Saúde.
O Lafepe produz 110 milhões de unidades de medicamentos por ano e pretende ampliar nos próximos 3 anos com aquisição de equipamentos e ampliação da sua estrutura. O diretor revelou que a empresa ampliou sua produção em 10% em 2021 e prevê um crescimento de mais 30% neste ano.
A pandemia afetou o funcionamento da empresa?
Como o Lafepe é considerado serviço essencial na produção de medicamentos estratégicos para atendimento ao SUS, a produção não poderia ser descontinuada. Ao contrário, a produção teve números ampliados em 2021. Para tanto, utilizamos como forma de trabalho o rodízio dos funcionários e implantamos as medidas sanitárias necessárias no enfrentamento ao contágio da COVID – 19.
Houve crescimento ou decrescimento nesse período?
Houve uma ampliação de 10% na produção.
Atualmente quais produtos ou medicamentos são fabricados pelo Lafepe?
Existem várias classes de medicamentos. Uma muito importante é a dos antirretrovirais. Esses são utilizados para o tratamento de infecções por retrovírus, especialmente o Vírus da Imunodeficiência Humana (HIV), atuando na defesa do organismo contra micro-organismos patógenos, diminuindo a carga viral total do paciente, e auxiliando na recuperação e manutenção das funções do sistema imunológico. Nesse segmento, produzimos os antirretrovirais (Ritonavir 100 mg comprimido; Tenofovir + Lamivudina 300 + 300 mg comprimido; Dolutegravir 50 mg comprimido e Tenofovir 300 mg comprimido) para compor o coquetel distribuído pelo Ministério da Saúde no tratamento dos pacientes soro positivos para HIV/AIDS e Hepatite b.
Já os antipsicóticos atípicos, uma outra classe de medicamentos também chamados antipsicóticos de segunda geração, são usados para o tratamento de certos transtornos psiquiátrico. No Lafepe, produzimos medicamentos para atender todos os pacientes da rede SUS que realizam o tratamento e controle da esquizofrenia e transtorno bipolar (Clozapina; Quetiapina e Olanzapina).
Acrescentamos ainda a produção do único medicamento utilizado no combate ao Mal de Chagas (Benznidazol 100 mg comprimido) e a produção do saneante com estabilidade e concentração ideal para potabilidade da água.
Nesse período de Pandemia algum novo produto ou serviço foi desenvolvido ou fabricado pelo laboratório?
Em virtude da pandemia houve uma demanda urgente para produção de um elevado volume do antisséptico Álcool gel 70%. Por solicitação e orientação do Governo do Estado de Pernambuco, o LAFEPE utilizou sua estrutura física e expertise de sua mão de obra para desenvolver e produzir internamente este produto, com o objetivo de atender toda a rede pública hospitalar do Estado. Devemos observar que uma nova formulação foi desenvolvida pela equipe técnica do LAFEPE, tendo em vista a escassez de insumos advindos do exterior, principalmente da China. Devemos acrescentar que neste período de pandemia o LAFEPE manteve o processo de transferência de tecnologia de novos medicamentos utilizados na primeira linha de tratamento de pacientes soro positivos para HIV/AIDS.
Há novos produtos ou insumos em processo de desenvolvimento?
Sim. Parte considerável da produção do Lafepe é decorrente da conclusão de processos de transferências iniciados anos atrás e recentemente concluídos com êxito, inclusive com o abastecimento do Ministério da Saúde com esses produtos.
Há alguma perspectiva de crescer em 2022?
O Lafepe apresenta novas Parcerias para o Desenvolvimento Produtivo, articulação com outros laboratórios para a internalização de novos medicamentos estratégicos à saúde pública, tudo supervisionado pelo Ministério da Saúde, a partir deste ano de 2022, um crescimento da ordem de 30% no volume de medicamentos.
Quais os principais desafios e planos do Lafepe para os próximos anos?
Ampliar o parque fabril e modernizar os equipamentos de produção, com o objetivo de possibilitar a absorção de novos processos tecnológicos farmacêuticos, tornando o LAFEPE competitivo e atualizado com a indústria 4.0. Passa pelo desafio também a atualização permanente dos nossos processos produtivos, em atendimento às constantes exigências dos órgãos regulatórios da indústria farmacêutica.