*Por Teresa Ribeiro
No futebol encontramos exemplos claros de como a liderança pode ser exercida. No campo, os líderes são capazes de influenciar indivíduos e grupos, no sentido de alcançar objetivos previamente estabelecidos. Essa é uma receita do sucesso também no mundo corporativo.
É fácil falar de um líder campeão, especialmente quando é um campeão da liga europeia, mas quando se trata de falar do alemão Klopp, há quatro temporadas comandando o Liverpool, chega a ser empolgante.
Ele nos dá lições de gestão o tempo todo sobre como formar um time, gerenciar equipes, planejar, focar nos objetivos e buscar resultados de forma incansável. Na sua prática enquanto gestor, é visível, no quesito formação de equipes, como o objetivo coletivo é sempre maior do que os objetivos individuais. Em um lugar cheio de “grandes estrelas” (em competência técnica, capacidade de entregar resultados e, muitas vezes, como inspiração para uma infinidade de fãs e futuros futebolistas), a estrela que mais brilha é a do coletivo.
Klopp consegue trabalhar o potencial de cada jogador, respeitando as diferenças técnicas, os estilos pessoais, os aspectos culturais e religiosos. Cuida de cada um na sua individualidade e com respeito, estimulando, abraçando e agradecendo após cada partida, mesmo que, eventualmente, não tenham desempenhado bem o trabalho ou falhado em algum ponto. Trata todos de forma carinhosa e igual, não privilegia ninguém, mesmo reconhecendo seus maiores talentos e melhores jogadores.
Seu planejamento e busca de resultados é permanente, nos incansáveis treinos regulares e nas estratégias e correções de rumo. Não desiste, está junto o tempo todo e acredita no potencial da sua equipe. Vale lembrar que Klopp não está preso à lógica perversa que mede o sucesso de um trabalho pela conquista de um título, qualquer que seja. Durante inúmeras entrevistas, não se cansa de repetir que “…sucesso ou fracasso não podem ser mensurados tão somente por alguns números…”. Ele considera que o seu trabalho mais apaixonante é desenvolver o potencial dos jogadores e ajudá-los no seu crescimento enquanto profissionais. “Um jogador de um time grande como o Liverpool normalmente atua com 90% a 95% do seu potencial. Cabe a mim conseguir fazer com que entre em campo esbanjando 100%. É isto que muitas vezes vai fazer a diferença”, já declarou ele.
Outro aspecto muito trabalhado pelo treinador é o fator motivacional baseado em duas colunas mestras: fé e vontade. O capitão Henderson reconhece: “A palavra de Jürgen no vestiário nos leva à inabalável crença de que podemos, sim, conquistar o que quisermos”. “Nunca vi nada parecido”, explica o intransponível zagueiro Virgil van Dijk. “Ele sempre nos diz: ‘Vocês não jogam só por vocês mesmos. Vocês jogam por todos aqueles que estão sempre disponíveis para lhes ajudar, por seus companheiros, por seus fãs, pelos funcionários do clube que sempre fazem de tudo para que vocês possam dar o melhor em campo’. Essa mensagem toca fundo o nosso coração”.
E tem ainda o fator empatia. Nas dependências do clube, tem-se a nítida impressão de que Klopp é amigo de todos, dos funcionários, dos gestores e executivos. Esse é um líder!
*Teresa Ribeiro é sócia da TGI Consultoria em Gestão