Por Joca Souza Leão
Oh, oh, oh!
Que mentira, que lorota boa
E não é que, caminhando na Jaqueira outro dia, ouvi uma menininha cantando Lorota Boa? Não resisti. “Vocês são de onde?” “De Consolação, sul de Minas” – disse o pai. “Pra lá de Itajubá e pra cá de Pouso Alegre.” “Sei” – disse eu, sem nenhuma convicção. E comentei: “A música que ela tava cantando é do tempo qu’eu era menino.” “Ela aprendeu com o vô, pai da minha esposa, que é pernambucano” – esclareceu o mineiro.
“Já tenho meia crônica”, saquei na hora. “Só preciso de uma lorota atual, contemporânea, pra fechar.” Pois aí a tem, leitor. Lorota boa e atual:
“(...) Tenho uma vivência pelo mundo, já fiz intercâmbio, já fritei hambúrguer nos Estados Unidos, no frio do Maine, estado que faz divisa com o Canadá. Aprimorei o meu inglês, vi como é o trato receptivo dos norte-americanos para com os brasileiros.”
Ipsis litteris, caro leitor. Do jeito que o sr. Eduardo falou sobre suas qualificações para, indicado pelo pai, ser embaixador do Brasil nos Estados Unidos.
O rapaz também postou uma entrevista que deu a um canal de TV americano. E a julgar pelo vídeo, seu inglês tá longe, muito longe do que se poderia, ainda que com alguma boa vontade, chamar de “aprimorado”. Fluência capenga, vocabulário elementar e erros primários.
Ah, se eu fosse senador! Na sabatina, faria apenas uma pergunta. Uma só:
“O sr. diz que fritava hambúrguer numa loja do Popeye´s. Como essa rede de fast-food não serve hambúrgueres, mas frango frito, não teria o sr. se enganado? Não teria sido numa lanchonete da mulher do Popeye, a Olívia Palito?”
Quem lembra do finalzinho da música de Gonzaga?
O meu primo Zé Potoca mente tanto que faz dó
Me contou que pegou água, enrolou e deu um nó
Oh, oh, oh!
Que mentira, que lorota boa
Que mentira, que lorota boa.