Maldita lucidez (por Paulo Caldas)

Uma prosopopéia lúdica ou uma “loucura imaginosa’’, como diria Maximiano Campos ao folhear este “Vista encantada”, composto pelo talento, em dose dupla, de Maria Elizabeth Freire e Fernando Gusmão.

Personagens se destacam pela sublimação do insano. A narrativa transcorre com predominância na primeira pessoa, abraçada ao lúdico, ao uso da linguagem telúrica, sem, todavia, apelar para o artifício do escrever errado para certificar o dizer dos não letrados, um aspecto elogiável no labor de quem enfoca as artes dos grotões.

Chama a atenção habilidade das conexões sutis, entrelaçadas, qual siamesas, entre as doidices de Guarda-roupa e Dido, o falar sofisticado de um ou de outro, contudo, confere exotismo e inibe autenticidade, quando aqui e ali é notada a ausência do coloquial na voz dos protagonistas.

No entanto, tal pecado sucumbe à criatividade no tratamento dos “causos” nascidos da verve dos autores. Não obstante a perene insanidade, digressões históricas surgem no vai e vem, no sobe e desce da burrama, vislumbrando ainda caracteres geográficos, um misto de crendices de mãos dadas com o sagrado e o profano, além de aspectos sociológicos.

Com prefácio da escritora Lourdes Rodrigues e projeto visual de Ricardo da Cunha Melam, o livro foi editado pela Nova Presença e impresso na Luci Artes Gráficas. Os exemplares podem ser adquiridos no www.amazon.com.br.

*Paulo Caldas é Escritor

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