O aumento da violência em Casa Forte e no Poço da Panela foi o impulso que mobilizou a população desses bairros para a ação. Não se trata de fazer justiça com as próprias mãos, mas de unir esforços pela segurança pública. Após criado um grupo bastante plural no WhatsApp, aconteceram reuniões de moradores, caminhadas de observação e articulação com poder público. Uma iniciativa de participação cidadã que está dando novas cores a esse enfrentamento. Apesar de ter apenas três meses, as medidas reduziram em 20% o índice de violência contra patrimônio.
De acordo com o empresário Yves Nogueira, morador e coordenador do grupo Casa Forte Mais Segura, a iniciativa aproximou e engajou as pessoas. “Hoje são centenas de fiscais da sociedade, podendo compartilhar fotos, informações e imagens das câmeras”, exemplifica. No grupo estão representantes da PM, Polícia Civil, Secretaria de Defesa Social, e Secretaria Municipal de Segurança, entre outros atores estratégicos.
A integração não é apenas virtual. O contato pela rede social gerou encontros e caminhadas nos bairros para observar fatores como postes apagados. “As caminhadas são muito agradáveis e têm dado resultados concretos. A iluminação do bairro já melhorou muito após esse trabalho. Mas o maior saldo é imaterial, que são as pessoas caminhando mais. A grande arma que temos como sociedade civil é reocupar as ruas e praças”, declara o vereador Jayme Asfora, que é morador e membro do grupo.
Nas caminhadas eles descobriram que uma das causas da iluminação era a falta de poda das árvores. Após identificado, o problema foi encaminhado para a Emlurb.
Outra iniciativa que está em prática é o mapeamento da condição das câmeras de segurança privadas. O objetivo é descobrir quais estão funcionando, se têm alta resolução e se estão posicionadas no ângulo correto. “Essa é uma preocupação do grupo. Estamos trocando informações para colocar mais câmeras de alta resolução nos prédios e quadras”, afirma Yves. Para exemplificar a relevância da participação cidadã nessa luta, Asfora lembra que em Nova Iorque das 20 mil câmeras instaladas, 18 mil são privadas e apenas 2 mil públicas.
O sociólogo Hugo Acero destaca que na experiência colombiana foi fundamental a cooperação da sociedade. “Há um trabalho com ampla participação cidadã em conjunto com a polícia, com os políticos e autoridades. Por outro lado, o setor privado, as universidades e os meios de comunicação participaram do desenvolvimento de políticas públicas, fazendo o monitoramento e avaliação de seus resultados”.
(Por Rafael Dantas)
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