“A medicina buscará a junção de conhecimentos de saúde populacional e big-data”

Mais tecnologia na saúde. Essa é a perspectiva de Antônio Carlos Figueira para o setor avançar nos próximos anos. O diretor-presidente da Faculdade Pernambucana de Saúde conversou com o repórter Rafael Dantas para a matéria de capa desta semana da Revista Algomais. Publicamos hoje na íntegra as análises e perspectivas do médico, que é especialista em administração hospitalar e membro da Academia Pernambucana de Medicina.

Como as novas tecnologias devem influenciar o serviço de atendimento a saúde nos próximos anos? Quais as principais tendências?
Os serviços de saúde serão cada vez mais influenciados pela experiência do usuário. O atendimento deve ser norteado por um binômio que seja capaz de trazer, ao mesmo tempo, a necessidade da individualização no atendimento e, com a mesma representatividade, a busca em escala por padronizações na prestação de serviço garantindo, além de qualidade e segurança, uma melhor eficiência, seja do ponto de vista assistencial, bem como sustentável.
Tendo oscilado entre uma “arte”, originalmente, e um processo “tecnocrático”, no seu desenvolvimento, a medicina buscará, fortemente, a junção de conhecimentos de saúde populacional e big-data. Cada vez mais a necessidade de acumular dados sobre variáveis clínicas e epidemiológicas, gerarão algoritmos ainda mais precisos para lidar com o indivíduo. Será a busca do “eu” analisando o “todo”.
E essa personalização se fará necessária, tendo em vista a crescente visão do usuário dos sistemas de saúde como consumidores e que, como tal, buscarão, sempre, aliar conceitos como presteza no atendimento, agilidade no processo e garantia de qualidade do serviço recebido.
O atendimento de saúde nos próximos anos, notadamente nas áreas de oncologia, cardiologia e saúde mental deverá buscar, de forma incessante, coleta, armazenamento e interpretação dos indicadores gerados e adequação das propostas terapêuticas prevendo a melhor conduta para cada paciente.

As tecnologias usadas ou criadas durante a Pandemia ficam como um legado para os sistemas de saúde? O que você destacaria como principais inovações ou aprendizados tecnológicos dessa Pandemia para o nosso sistema de saúde?

Todo processo de mudança, programado ou não, é capaz de deixar um legado. As preocupações com mecanismos de barreira para propagar transmissão de patógenos, embora sempre tenham feito parte do arsenal preventivo e terapêutico dentro da nossa sociedade, nunca antes tornaram-se tão necessárias para provocar a diminuição da propagação da epidemia.
Redesenhos de fluxos assistenciais, desenvolvimento de gestores de biossegurança, o uso mais corriqueiro de barreiras físicas de proteção individual, além de soluções e agentes capazes de diminuir o risco de infecção por agentes bacterianos e virais sofreram um grande avanço nesse último ano e, dessa forma, agregarão benefícios permanentes na prevenção e tratamento de tantas outras doenças infecto-contagiosas no futuro.

Os atendimentos médicos e de outras especialidades da saúde remotos vieram para ficar? Quais as principais vantagens dessa modalidade e qual deve ser o espaço dela no pós-pandemia?

É inegável que a Pandemia trouxe mudanças para as relações sociais e profissionais, e, naturalmente, para os sistemas de saúde que perdurarão por muitas gerações a frente. As tecnologias de tele-saúde e tele-atendimento que, até outrora, momentos antes da Pandemia, ainda estavam sob julgamento das entidades e conselhos de classe profissional de saúde, mostraram-se indispensáveis, não apenas durante essa grave crise sanitária mas também se provam importantes em uma tentativa de oferta muito mais ampla na prestação de serviços de saúde.
Os tele-atendimentos potencializam os limitados recursos humanos em saúde, permitem alcançar públicos remotos ou que não poderiam se deslocar aos centros médicos e, em última análise, agregam eficiência ao sistema.
Aliados a learning machines capazes de entender padrões e criar algoritmos assistenciais e terapêuticos potencializam o raciocínio clínico aumentando tanto a especificidade quanto a sensibilidade da consulta.
Porém, urge investimento em plataformas seguras, que respeitem o necessário sigilo das informações de saúde do paciente, porém que, anonimamente, ainda, sejam capazes de alimentar sistemas de inteligência artificial, retroalimentando a cadeia de informações/diagnóstico e tratamento/informações.

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