Boletim do Ipea revela crescimento nas vagas formais e queda no desemprego, mas alerta sobre altos índices de subocupação e inatividade da força de trabalho (Foto: Marcelo Camargo / Agência Brasil)
O mercado de trabalho brasileiro alcançou resultados históricos nos últimos trimestres, consolidando avanços significativos, conforme revela o novo boletim do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). Segundo os dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD Contínua), o número de pessoas ocupadas no país chegou a 102,5 milhões no terceiro trimestre de 2024, o maior valor desde o início da série histórica em 2012. Este crescimento reflete o dinamismo da economia e a expansão da força de trabalho, que atingiu 109,4 milhões de pessoas no segundo trimestre.
Paralelamente, o emprego formal mostrou forte recuperação, com o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Novo Caged) registrando a criação de 1,7 milhão de vagas com carteira assinada entre abril e junho. Esse movimento resultou em um aumento de 3,8% no total de empregos formais, impulsionando a taxa de desocupação para o menor nível desde 2014, agora em 6,9%. Além disso, a renda média do trabalhador subiu 5,8% em termos reais, encerrando o segundo trimestre de 2024 em R$ 3.214, enquanto a massa salarial real do país avançou expressivos 9,2%, totalizando R$ 322,6 bilhões, um acréscimo de R$ 27 bilhões em relação ao mesmo período de 2023.
Apesar dessas melhorias, o Ipea destaca que desafios significativos ainda precisam ser enfrentados. A taxa de subocupação e o número de inativos, que somam 66,7 milhões de pessoas fora da força de trabalho, mantêm-se elevados. Entre eles, 3,2 milhões de indivíduos estão em situação de desalento, ou seja, desistiram de buscar emprego por falta de perspectivas. “É crucial entender por que o número de inativos permanece elevado, totalizando 66,7 milhões de pessoas fora da força de trabalho. Entre elas, 3,2 milhões desistiram de procurar emprego devido ao desalento – um grupo que deveria ser prioridade para a reintegração ao mercado de trabalho”, enfatiza o estudo.
Além disso, o boletim revela que, embora o crescimento do emprego formal tenha se espalhado por diversos setores, como transporte, informática e serviços pessoais, o setor agropecuário continua a enfrentar dificuldades. Este segmento registrou a nona queda consecutiva no número de ocupados. Desigualdades regionais e por gênero, raça, idade e escolaridade também persistem, especialmente em termos de oportunidades produtivas e rendimentos médios, sinalizando que a recuperação do mercado de trabalho, embora robusta, ainda é marcada por significativas lacunas.