Moçambicanos lutam pela sobrevivência em plena guerra civil no filme “Comboio de sal e açúcar”

*Houldine Nascimento
A história de Moçambique é marcada por diversos conflitos. O país, localizado no sudeste africano, só se tornou independente de Portugal em 1975. Dois anos depois, os moçambicanos tiveram de conviver com uma duradoura guerra civil, que se estendeu até 1992. É nesse contexto que está “Comboio de sal e açúcar”, em cartaz nos cinemas brasileiros.
A trama se passa em 1988. Um letreiro inicial ressalta que a população arrisca as vidas em trens carregados de sal que atravessam o território . O produto serve como moeda de troca com o país vizinho Malawi, rico em açúcar. Nessas viagens, o risco é enorme e os comboios são constantemente atacados por forças opositoras ao regime socialista.
O diretor Licínio Azevedo — brasileiro radicado em Moçambique há mais de 30 anos — parte de uma história antes narrada por ele em livro. O foco é justamente uma dessas viagens. Um grupo de pessoas sai de Nampula (província no Norte do país) até Malawi. A infraestrutura é precária e, muitas vezes, os que são contrários ao regime destroem os trilhos. Neste cenário, Azevedo desenvolve diversos personagens. Alguns com o arco dramático mais complexo, como a enfermeira Rosa (Melanie de Vales Rafael), que está indo a um hospital para trabalhar.
Nesse trajeto, ela faz amizade com algumas mulheres, a exemplo de Mariamu (Sabina Fonseca), que, assim como muitos, pega carona para trocar sal por açúcar e lutar pela subsistência. Na escolta, há militares. O tenente Taiar (Matamba Joaquim) é o mais sensível aos civis. Já o segundo-tenente Salomão (Thiago Justino), claramente um tipo, age com brutalidade. Num dos casos, toma a mulher de um dos passageiros e a violenta, além de agredir o homem.
Para sair do papel, “Comboio de sal e açúcar” contou com verba de cinco países: Portugal, Moçambique, França, Brasil e África do Sul. É um produto tecnicamente bem realizado. As cenas dos ataques, no entanto, poderiam ser mais duradouras e terem uma melhor construção. De qualquer forma, filmes moçambicanos (feitos com raridade) são sempre bem-vindos.
*Houldine Nascimento é jornalista
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