Moradores do Poço da Panela constroem o projeto Jardim Secreto - Revista Algomais - a revista de Pernambuco

Moradores do Poço da Panela constroem o projeto Jardim Secreto

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Um local de descarte de lixo e de estacionamento informal na Zona Norte do Recife pode se transformar numa área de lazer com uma horta comunitária. A proposta para o espaço às margens do Rio Capibaribe é defendida pela Associação dos Moradores e Amigos do Poço da Panela (Amapp). O projeto ganhou o nome de Jardim Secreto.

Localizada no final da Rua Marquês de Tamandaré, a área é um terreno baldio de 3 mil metros quadrados, situada atrás do Condomínio do Edifício Villa Pasárgada. “Começamos a pensar para esse lugar um projeto de ocupação pública visando à melhoria da segurança do bairro. É um espaço perfeito para desenvolver o conceito de sustentabilidade e agroecologia”, afirma Antônio Pinheiro de Carvalho, presidente da associação.

Além da recuperação do local, com proposta de ser atrativo para passeio e lazer, a Amapp pretende desenvolver uma horta para produzir alimentos para famílias carentes das comunidades vizinhas do Caiçara e de Cabocó. “Podemos promover qualidade de vida plantando com materiais orgânicos. Pretendemos fazer parcerias com escolas públicas e privadas também para levar ações de educação ambiental ao espaço”, acrescenta Carvalho.

O presidente da associação afirma que a participação da comunidade é fundamental para garantir a manutenção do espaço. Estão nos planos da entidade, a oferta de capacitação sobre o plantio e manejo adequado da horta. Os moradores também propõem a reestruturação da travessia de barco no trecho, serviço há décadas em atividade realizada pela comunidade local.
Composta por aproximadamente 40 pessoas, a Amapp conta com 9 integrantes participando do planejamento do projeto. Um dos primeiros passos foi contatar o Inciti - Pesquisa e Inovação para as Cidades que, em convênio com a Prefeitura do Recife, desenvolve o Projeto Parque Capibaribe em parceria com a Prefeitura do Recife. O diálogo tinha objetivo de alinhar as intervenções na área com as diretrizes urbanísticas do projeto.

A mobilização já conseguiu realizar um mutirão para limpeza no local, que realizou a capinação do terreno e a demarcação da área. Dias após os moradores já fizeram plantação de milho, feijão, jerimum e tomate no Jardim Secreto.

PROJETO
O Projeto Parque Capibaribe prevê intervenções ao longo de toda extensão do rio até 2037, qualificando não apenas as suas margens, mas o também o acesso aos espaços de convívio que serão instalados, a exemplo do Jardim do Baobá. Localizado no bairro das Graças, é a primeira peça de uma concepção modular urbanística que está em construção na cidade.

Segundo Raquel Menezes, coordenadora de projetos do Inciti, o parque possui um plano macro para toda a cidade, mas ainda não tem o detalhamento de todos os trechos. “A execução vai acontecendo de acordo com a disponibilidade de recursos. No Poço da Panela tínhamos o conceito, mas não o detalhamento. A partir da comunicação com a associação estamos compatibilizando a vontade dos moradores com as diretrizes do parque”, afirma.

Com esse acompanhamento do Inciti, o Jardim Secreto será alinhado com o Parque Capibaribe e sua execução estará assegurada. Contará com linhas de passeio a pé e de bike em diálogo com as demais intervenções que acontecerão ao longo do rio.

Raquel ressalta a relevância da participação popular na construção do Jardim Secreto. “Temos passado para a associação a forma participativa que estamos construindo os projetos para o entorno do rio. Buscamos parcerias amplas, o que torna mais fácil a manutenção do espaço. Os moradores estão numa fase de fortalecer a rede de parceiros”, afirma.

Algumas iniciativas tiveram o objetivo de estimular a população a experimentar as margens como espaços de lazer e convivência, como no caso do Praias do Capibaribe, um coletivo que realiza intervenções culturais à beira do rio.

Embora ainda distante do horizonte de conclusão em 2037, quando a cidade completará 500 anos, a ideia do parque começa a ser “comprada” pela população e pelas organizações da sociedade civil organizada voltadas para o desenvolvimento urbano e sustentável do Recife.

*Por Rafael Dantas, repórter da Revista Algomais

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