Movimento Canavial é finalista de prêmio nacional promovido pelo Iphan – Revista Algomais – a revista de Pernambuco

Movimento Canavial é finalista de prêmio nacional promovido pelo Iphan

O Movimento Canavial, que atua em defesa da memória e manutenção da arte de grupos, mestres, artistas e produtores culturais no interior de Pernambuco é um dos finalistas da 33ª edição do Prêmio Rodrigo Melo Franco de Andrade promovido pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). Com atuação há 16 anos, o movimento concorre com 19 projetos em sua categoria: ações de salvaguarda, saberes, celebrações; ritos e festas que marcam a vivência coletiva; assim como ações de comunicação, difusão e educação.

Criado pelo Iphan, desde 1987, o Prêmio Rodrigo Melo Franco de Andrade é o maior evento cultural em reconhecimento aos brasileiros que atuam na gestão, preservação e valorização do Patrimônio Cultural. Este ano, 121 participantes, de todo o país, estão na disputa para etapa final. Os projetos vencedores serão agraciados com título de preservação, valorização e promoção do Patrimônio Cultural Brasileiro, além da premiação de R$ 20 mil.

O Movimento Canavial, representado pelo Maracatu Estrela de Ouro de Aliança, tem sua gênese em 2004, com a transformação do Sítio Chã de Camará, na cidade de Aliança, região da Zona da Mata Norte pernambucana, no Ponto de Cultura Estrela de Ouro. Foi lá que a comunidade, antes mesmo de tornar-se Ponto de Cultura, que deu seus os primeiros passos na organização de apresentações sazonais dos grupos da localidade, como o Maracatu Estrela de Ouro, Cavalo Marinho Mestre Batista, Coco Popular de Aliança e a Ciranda Rosas de Ouro. Logo depois, com a oficialização do espaço dedicado às atividades culturais, a comunidade passou a trabalhar os diversos aspectos de sua cultura, educação, saúde, política cultural, trabalho, habitação e sustentabilidade.

Entre os projetos destaques do Movimento Canavial, estão o Projeto Usina Cultural Estrela de Ouro, criado em 2004, que retirou do trabalho semiescravo e insalubre diversos mestres da cultura popular e a restauração dos seus brinquedos. Já entre 2005 e 2006 atuou na capacitação e formação de 50 grupos culturais para concorrer a editais públicos e captação de recursos para manutenção de suas atividades. Período em que, também, foi dado início a primeira edição do Festival Canavial, evento que se tornou tradicional no calendário cultural pernambucano, por garantir espaço e visibilidade aos grupos e artistas da cultura popular.

“São diversas pessoas que fizeram do movimento um projeto de vida e que mudaram o panorama de uma região a partir de conversas embaixo do pé de jaca no sítio Chã de Camará, em Aliança, Pernambuco” lembra Afonso Oliveira, coordenador do Movimento Canavial. “Lá onde o Mestre Batista, o mestre dos mestres, falecido em 1993, criou o Maracatu Estrela de Ouro de Aliança e o Cavalo Marinho que tem seu nome. É a partir do chamado de seu filho, José Lourenço Batista, que uma parcela considerável dos brincantes e grupos da cultura popular da região” acrescenta.

O Movimento Canavial coleciona ao longo de toda a sua trajetória, entre outras importantes conquistas, a criação da Agência de Projetos Culturais – Pontão de Cultura Canavial, que entre 2011 e 2020, já capacitou mais de 100 produtores culturais. Juntos, eles já conseguiram captar mais de R$ 40 milhões em projetos culturais, que são executados na própria região, todos com foco na Cultura Popular.

O Movimento Canavial é uma revolução cultural. Ele faz com que as pessoas que antes eram olhadas como quase objetos culturais, sejam protagonistas da sua própria história. Em várias funções: desde a construção de projetos até os espetáculos. Ele constrói com esses sujeitos uma independência revolucionária e mostra que é possível no Brasil temos isso” destaca a pesquisadora e doutora em educação pela Universidade Estadual da Bahia, Isa Trigo.

Agora, na etapa nacional, serão selecionadas 12 ações no campo do Patrimônio Cultural Brasileiro. Cada premiado receberá o valor de R$ 20 mil. As ações finalistas foram selecionadas pelas Comissões Estaduais, compostas por representantes das diferentes áreas culturais de cada Estado, presidida pelo superintendente.

Essas ações serão analisadas pela Comissão Nacional de Avaliação, formada pela presidência do Iphan e por 21 jurados que atuam nas áreas de preservação ou salvaguarda do Patrimônio Cultural. O resultado está previsto para o dia 30 de setembro.

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