Múcio Callou lança Recife Musa

Recife Musa, novo single de Múcio Callou, constitui-se, antes de tudo, como uma ode a Recife, um poema lírico destinado ao canto de todos. Conceber Recife Musa foi para Mucio Callou um minucioso trabalho no qual precisava extrair a musicalidade própria da métrica do poema. Sentiu uma intensa inspiração no poema de Pedro Américo por este elevar uma cidade decaída, em isolamento social, à dignidade de Musa. Cantar Recife assim, pela sua diferença, seria resistência.

Em uma das redes sociais que surgiu o encontro mágico do músico com o poeta. Ao ler o poema “Recifencidade”, de Pedro Américo de Farias, e elogiá-lo, Múcio Callou é incentivado, nos comentários da postagem, a musicá-lo. Combinaram o novo nome, Recife Musa, Pedro Américo entregou a “filha em casamento,” Múcio foi o noivo e fez a celebração.

Um frevo de bloco

As escolhas formais de Recife Musa não poderiam ser outras. Múcio sempre se caracterizou por ser um compositor de fusões formais entre o erudito e o popular. Elementos de bossa, jazzísticos, regionais e clássicos perfilam em suas composições, como na recente Suíte 1817.

O gênero frevo de bloco, escolhido para Recife Musa vem estilizado, quebrando a tradição da exclusividade de instrumentos de pau e cordas e sopros, assim como a letra não evoca o passado. A bela e singela harmonia do arranjo de Callou traz um diálogo instrumental entre flauta e cello, harmonizando com violão, baixo acústico e bateria, além de um quarteto clássico de cordas, o Quarteto Encore, a voz do autor e as vozes de um coro feminino.

Um coro feminino

O frevo de bloco, distinto do frevo canção e do frevo de rua, como sabemos, é um estilo que habita as ruas do carnaval de Recife em sua plena diferença de outros carnavais nacionais. Em nenhum outro lugar do Brasil há a tradição de cortejos carnavalescos essencialmente líricos, com um flabelo à frente, cantando a uma só voz, o amor, a cidade e sua história. São letras de cunho eminentemente poético que evocam memória, embaladas em ritmo lento, mas dançante e a tempo de olhar o céu, os casarões, as pontes e o rio, durante o cortejo.

Foi desejo de Múcio reforçar a presença do coro feminino. Optou por trabalhar um coro de mulheres, profissionais de vários segmentos que pelo gesto, presença nos carnavais do Recife e pela sensibilidade revelassem o desejo de cantar. Como amadoras aludiriam ao canto vir da polis para a polis. Para atingir a performance necessária para gravar, foi preciso todas trabalharem duramente elementos de iniciação musical, técnica vocal e interpretação. O resultado foi uma alegria.

Tal desafio já era prática de Mucio nas publicidades do Grupo Bompreço, no início dos anos 2000, com crianças e também no meio empresarial, formando e gravando coros de colaboradores. Também em seus Concertos Experimentais nos anos 80, quando regeu a plateia, em grande evento, no Morro da Conceição. Na sua graduação em Música, na UFPE, Múcio compôs, e regeu a sua turma, na formatura, na execução das obras Medéia e Paranóia, ainda inéditas.

Registro de uma obra
Múcio Callou dedicou décadas ao ensino da música no Conservatório Pernambucano de Música e à gestão pública da Música em nossa cidade, como: coordenador de Música da Prefeitura do Recife; 16 anos como diretor da Orquestra Sinfônica do Recife e posteriormente, colaborador musical do Museu da Cidade do Recife. Atualmente, dedica seu tempo a compor e ao registro de sua obra, construída ao longo de anos, nunca gravada. Na boca do forno, para gravar, estão a Suíte do Capibaribe e a Suíte Tributo a Josué de Castro.

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