“Sem música, a vida não teria sentido” já disse uma vez o célebre filósofo alemão Friedrich Nietzsche. O fato é que é difícil imaginar a vida sem a combinação de melodias e ritmos para acompanhar nossos momentos. Sons musicais têm influência até na hora de praticarmos atividades físicas melhorando o desempenho nos exercícios. É o que garantem pesquisas e especialistas na área.
Segundo o personal trainer Fábio Campos, sons musicais podem aumentar a sensação de bem-estar, criando a impressão de que o tempo passou mais rápido, reduzem a percepção de intensidade do exercício, promovendo maior resistência física. “Existem alguns estudos que comprovam que a música faz com que o corpo libere endorfina e dopamina, hormônios que provocam a sensação de prazer. Isso associado à atividade física potencializa a performance da pessoa que está se exercitando”, assegura Fábio. “Além, é claro, do fator estimulante. O simples fato de baixar uma nova playlist que irá acompanhar o treino já é um motivador para a prática do exercício físico”, esclarece.
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Gleidson Cunha também é personal e ratifica as vantagens da música no desempenho durante a malhação. “Estudos mostram que ela influencia no melhor controle da frequência cardíaca, na resistência e potência muscular, na percepção de esforço do exercício e pode até alterar padrões negativos de humor”, informa Gleidson. “Particularmente, acho que a música é o combustível da atividade física. O estímulo sonoro deixa a prática mais leve e prazerosa, podendo também aumentar a concentração e a intensidade do aluno”.
Na verdade, vários estudos que estão sendo feitos no mundo, segundo Leopoldo Barbosa, psicólogo e professor da FPS (FAculdade Pernambucana de Saúde), trabalham com essa possibilidade, sinalizando o quanto a música pode melhorar a concentração e a velocidade de atletas. “Qualquer um que fizer uma busca rápida na internet sobre os jogos olímpicos, por exemplo, vai perceber que é muito comum os atletas entrarem, antes da sua atividade, com fones de ouvido. É uma forma que eles têm de manter a concentração e o foco”, salientou o psicólogo.
Mesmo em casa, nas atividades domésticas do cotidiano, como na preparação das refeições ou na limpeza, a música surge como um estímulo importante e uma forte aliada contra a monotonia das tarefas de casa. Para os que se entediam em fazer sempre as mesmas seções de exercícios rotineiramente, os sons musicais têm a capacidade de tornar a atividade menos entediante. “O exercício se torna menos monótono, a música concentra e envolve as pessoas naquela atividade. Em locais públicos, existe também o fator desinibidor”, ressalta o personal trainer Raphael Arnaut Brinco.
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Raphael, porém, também destaca alguns fatores negativos. “Às vezes pode atrapalhar, porque o aluno dá mais atenção à música do que ao exercício propriamente dito”, ressalva Raphael, acrescentando que a altura do som também é prejudicial. “Toda academia que eu frequento tem briga, uns pedindo para diminuir o som, outros pedindo para aumentar. Como o público é muito heterogêneo sempre tem esse embate”, desabafa Raphael.
SEM "BATE ESTACA"
Um problema solucionado na Unic, academia especializada curiosamente num público específico: pessoas que não gostam de academia. Pode parecer contraditório, mas a segmentação da clientela deu certo. “São pessoas com 35 a 40 anos que só querem se cuidar. Por isso, não trabalhamos com música eletrônica, damos preferência à MPB (música popular brasileira). Nós escolhemos um meio termo, ponderado, agradável ao ouvido e motivador”, explica Patrícia Santos, coordenadora técnica e personal trainer da casa.
A playlist muda de acordo com o tipo de atividade realizada. “Nas salas de musculação, bike, bike indoor e aula coletiva, usamos um estilo musical mais agitado. Já nas aulas de dança, a preocupação é com o aluno se sentir inserido na atividade, então usamos músicas mais atuais, que estejam bombando no momento”, detalha Patrícia.
Camila de Andrade, veterinária, optou por malhar na Unic justamente pela proposta de trilha sonora diferente que a casa oferece. "Eu gosto muito de música, então aqui é um lugar em que eu consigo ficar, tranquilamente, sem os meus fones de ouvido", assegurou. "É bem diferente a proposta, e eu acho bem legal mesmo", garantiu.
Já o dentista Rogério Aguiar, embora não abra mão de escutar uma boa canção acompanhando sua prática física, é adepto do fone de ouvido pela facilidade em selecionar as canções. “Hoje em dia é muito mais prático e simples de selecionar o que eu quero ouvir, então ouço o que estou a fim e no volume que a música pede” argumenta. "O meu desempenho depende muito da música que estou ouvindo, funciona como o meu energético. Não teria a mesma energia se treinasse no silêncio”, compara.
*Por Yuri Euzébio (redacao@algomais.com)