O gênero do terror vive um dos melhores momentos nos últimos tempos no cinema. Dos catálogos estrangeiros, os thrillers passaram a engrossar a lista de produções nacionais. Basta observar a representatividade dos últimos lançamentos. E no que se refere às produções brasileiras, outro fator contribui para o bom momento: a diversidade de locações, argumentos, climas e signos. E o curta-metragem Atrofia, dirigido por Wllyssys Wolfgang e Geisla Fernandes, surfa justamente nesta onda. Premiado e/ou indicado para mais de 20 festivais e mostras nacionais e internacionais, o curta participa da Mostra Competitiva do FestCine nesta sexta-feira (13), no Cinema São Luiz, no Recife. A produção evoca o universo peculiar da caatinga nordestina, bioma único no mundo.
O curta retrata um futuro distópico, onde os seres humanos adoecem e começam a perder alguns órgãos dos sentidos. Tato, paladar, olfato e membros superiores são afetados por uma síndrome desconhecida. Cerca de 80% da população mundial começa a atrofiar, transformando-se em pessoas irracionais, famintas e improdutivas.
No enredo, o mundo inteiro está tomado pelos atrofiados– seres que rivalizam com a população racional. “Embora haja semelhança com zumbis – e nós amamos zumbis! – Os atrofiados não estão mortos. Eles são seres humanos doentes e animalizados, ou seja, irracionais, o que aumenta a tensão e o dilema entre os personagens, expõe Wllyssys.
A produção, que vai ser exibida na próxima sexta-feira (13) durante a programação do FestCine, orbita nos gêneros suspense/drama/terror e é ambientada totalmente na caatinga, que compõe a narrativa de uma maneira jamais retratada, integrando elementos culturais, folclóricos e regionais às histórias.
Além de dirigir Atrofia, a dupla também assinou a direção do curta-metragem O Experimento (terror zumbi, 2016), que foi desenvolvido no 1o. Núcleo Experimental de Cinema do MIS-SP. O curta conquistou prêmios e indicações nacionais e internacionais, compondo a lista de Melhores Curtas-metragens Paulistanos em 2016, participando de festivais como “Rio Fantastik”, “Petit Pavê” e “Curt’Arruda” em Portugal.
O curta, que também será usado como “piloto” da “Série Atrofia” (com oito episódios à procura de player interessado em produzir), é financiado pelo Funcultura Audiovisual/Fundarpe e produzido pela WW Filmes. A produção contou com elenco pernambucano, como a recifense Cíntia Lima e os petrolinensesJuliene Moura e José Lírio da Costa, que contracenam intensamente num cenário hostil e perigoso.
O trabalho de preparação do elenco para a performance dos personagens atrofiados é diretamente influenciado pela dança Butô, originária do Japão pós-guerra.
FESTIVAIS E MOSTRAS
Atrofia já foi exibido/selecionado em festivais nacionais como Cinefantasy (SP) e Curta Taquary 2019(PE), mas ganhou projeção internacional nos festivais FESTPRO (Rússia), 6ª NIAFFS (Espanha), CEFALÙ (Itália) e UK Monthly (Inglaterra). O gênero do terror/suspense movimenta um mercado gigantesco mundo afora.
SÉRIE
A série conta com oito episódios que deverão ter cerca de 26min de duração, cada. “Todos os episódios já estão roteirizados. Cada um deles traz elementos e questões universais que provocarão identificação, em algum momento, com o telespectador. O bioma caatinga é marcante na tela e assim, transformaa paisagem árida em uma presença importante. A caatinga é como umpersonagem sempre presente. Imaginar-se neste cenário hostil e pós-apocalíptico, é um desafio interessante.” comenta a co-diretora Geisla Fernandes.
SINOPSE:
O curta narra a dramática aventura de Bia (Cíntia Lima), uma sobrevivente em um mundo totalmente destruído, depois do surto que dizimou cerca de 80% da população. Lutando por sua vida em meio à Caatinga, a nossa protagonista encontra mais que destruição pelo caminho. Ela se vê diante de dilemas e desafios da realidade dominada por seres humanos que atrofiaram e agem como animais famintos.
Trailer: https://www.youtube.com/watch?v=4xpyGemipI4