Agência FAPESP – Pesquisadores do Instituto de Ciências Biomédicas da Universidade de São Paulo (ICB-USP) desenvolveram uma tecnologia capaz de aumentar o potencial terapêutico de fármacos e vacinas: nanoestruturas lipídicas que se atraem por pontes de hidrogênio.
A inovação foi criada pelo pós-doutorando Wesley Luzetti Fotoran, bolsista da FAPESP, no laboratório do professor Gerhard Wunderlich, do Departamento de Parasitologia.
Fotoran modificou partículas desenvolvidas por pesquisadores coordenados por Darrell Irvine no Massachusetts Institute of Technology (MIT), Estados Unidos.
As partículas originais possuem múltiplas camadas e ligações covalentes. Ao trocar essas ligações por pontes de hidrogênio, Fotoran criou estruturas cinco vezes menores, com menos camadas e que se atraem mutuamente.
“Isso faz com que o fármaco ou o antígeno se estabilize no interior das partículas. Além de permitir que o medicamento atue por mais tempo no organismo, as nanoestruturas também ajudam a diminuir efeitos colaterais, uma vez que reduzem em 50% a dose necessária para o tratamento”, disse o pesquisador à Assessoria de Imprensa do ICB-USP.
Esses resultados foram obtidos em testes feitos com camundongos infectados com parasitas causadores de malária das espécies Plasmodium falciparum e Plasmodium berghei. Os cientistas usaram as novas partículas para carrear um medicamento clássico contra a doença, a cloroquina, por meio de injeção. Desse modo, o efeito da droga foi multiplicado por cinco.
A cloroquina já não é mais usada para tratar malária devido ao alto índice de resistência. Em outro ensaio, o grupo usou a artemisinina, droga mais prescrita atualmente, e observou resultados similares.
De acordo com Fotoran, as partículas originais do MIT também são funcionais porque vão se desfazendo em partículas menores. “Nossa técnica permite entregar um conjunto de estruturas menores, que chegam rapidamente ao alvo e lá permanecem por mais tempo. A grande vantagem dessas nanoestruturas é a pluralidade de aplicações. É possível usá-las para carrear qualquer tipo de agente terapêutico e no tratamento de diversas doenças”, afirmou o pesquisador.
O próximo passo é testar as partículas em outros modelos de estudo. Segundo o grupo, não é possível prever quando a inovação chegará ao mercado, pois ainda são necessários mais testes in vivo.
* Com informações da Assessoria de Imprensa do ICB-USP.