Existe circulando por aí uma espécie de “receita de bolo” sobre como deve ser formalizada uma empresa familiar com procedimentos mandatórios do tipo: “retire os familiares”, “contrate gestores do mercado”, “crie um conselho administrativo”, “implante uma rígida governança” etc...
Acontece que essa receita pode até dar certo com empresas de grande porte, aquelas que já ultrapassaram a fase heroica da luta pela sobrevivência e pela consolidação. Todavia, em se tratando de empresas de médio e pequeno porte, como são a grande maioria das empresas familiares pernambucanas, formalizar demais por conta de receitas de livro ou de manuais de “boas práticas” remete ao sério risco de engessamento em ambientes geralmente competitivos em demasia, em especial durante momentos de crise do tipo que sofremos e que já dura três anos.
O fundamental, em qualquer circunstância, é a profissionalização que não rima com excesso de formalização. Profissionalizar é privilegiar a competência e a aptidão para a ocupação de cargos-chave da empresa. É ter rigor com os gastos. É ter uma estratégia bem elaborada e discutida com os gestores. É prestar contas a todas as partes interessadas. É não deixar que os interesses familiares se sobreponham aos interesses e necessidades da empresa.
Dependendo do caso, ir além disso, em termos de formalização, pode ser demasiado e contraproducente. Criar, por exemplo, um “conselho de administração” formal como 10 entre 10 receitas prontas recomendam, pode simplesmente fazer a diferença entre o engessamento e a flexibilidade necessária para fazer frente ao ambiente competitivo da empresa. Se for preciso ou recomendável um conselho, ele deve ter mais caráter consultivo do que deliberativo, menos formal e mais facilitador do desempenho. Pode até mesmo ser um conselho familiar para ajudar na implantação da profissionalização requerida, tornando-se, pela prática, o embrião de um conselho mais formal à frente.
Todo cuidado deve ser tomado, portanto, com as orientações excessivamente formalistas. São baseadas em padrões de outros lugares e não consideram as realidades particulares. No que que diz respeito a organizações, na maioria das vezes, as receitas prontas são contraproducentes. Cada caso, tende a ser um caso diferente que precisa ser tratado à luz da experiência, mas longe do formalismo empobrecedor.
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