Não se aposente da vida

A expectativa de vida entre os brasileiros cresceu ao longo do tempo e trouxe a necessidade de nos reinventar. Para se ter ideia, segundo o IBGE, em 76 anos a expectativa de vida dos brasileiros aumentou em mais de 30 anos e hoje fica em torno de 75,8 anos. Isso porque as pessoas estão cuidando mais da saúde, há novas tecnologias sendo desenvolvidas para garantir maior longevidade etc. Aliado a tudo isso, nos confrontamos com a realidade de que nosso sistema oficial de previdência não nos é favorável. Esses eventos estimulam as pessoas a prolongar sua vida produtiva.

A aposentadoria não pode ser mais vista como hora de “sair de campo”: ela é, na verdade, o início de uma nova jornada. As necessidades e as expectativas das pessoas mudaram drasticamente. A questão é como encarar os desafios deste novo ciclo de vida.

No mundo moderno falamos em Pós-Carreira – O recomeço de uma jornada de vida de proporções muito mais amplas. Os profissionais hoje estão chegando aos 60-65 anos com mais energia e vitalidade, e com grande experiência acumulada. Logo, é importante que encontrem formas originais de desenvolver novas capacidades e relacionamentos bem como novas formas de utilizar suas habilidades que sejam condizentes com esse momento de vida. Pesquisas científicas demonstram que três fatores interferem numa aposentadoria satisfatória: tranquilidade financeira, educação e capacidade de desfrutar, aliada à saúde.

Tudo isto exige de nós planejamento e reflexão sobre o que vem pela frente. O autoconhecimento é fundamental para uma longevidade ativa e saudável. Afinal, quando bem estruturada, a pós-carreira também pode ser uma etapa de vida onde realizemos projetos desejados e que fortaleçam nossa autoestima. As atividades que o profissional não teve oportunidade de desenvolver, podem ser agora colocadas em prática. Para tal, é preciso se desapegar dos modelos de trabalhos anteriores e ver outras oportunidades de empregar os talentos de maneira positiva.

Com um propósito de vida claro, tudo flui. Podemos fazer escolhas mais acertadas e criar uma nova identidade em linha com nosso ritmo, e atentos ao que o corpo e a alma necessitam. Contudo, esses atributos ainda estão longe de serem aproveitados pelas empresas. Ainda há dificuldades, por exemplo, de explorar os benefícios da convivência de diversas gerações no ambiente de trabalho. Por um lado, as empresas não estão preparadas para essa nova realidade no mercado de trabalho. Por outro, os funcionários mais velhos (ou a maioria deles) ainda não aprenderam a lidar com o momento da aposentadoria. Sem falar que muitos não sabem o que irão fazer de suas vidas pós-carreira e nem se planejaram financeiramente.

Hoje, na Região Nordeste, por exemplo, algumas organizações já perceberam as vantagens deste tipo de iniciativa e estão começando a desenvolver programas de preparação destes profissionais, iniciando, em média, dois anos antes da aposentadoria. Elas têm a preocupação de garantir a transmissão do conhecimento intergerações, visando a perenidade dos negócios e a preparação do profissional que se aposenta para que busque novas oportunidades, tais como: o empreendedorismo, uma nova carreira, consultoria, vida acadêmica ou mesmo alguma ação social ou lazer estruturado que dê novo sentido de vida ao profissional. Com isto, minimizam-se os impactos negativos da transição e garantem para as novas gerações confiança para continuar a desenvolver o negócio.

Tais programas de preparação para vida na maturidade contribuem para o desenvolvimento dos profissionais como seres humanos, reforçam a sua autoestima e o seu legado num momento de transição delicado de suas vidas. Além disso, melhoram a produtividade dos profissionais que permanecem na empresa, gerando impacto positivo na imagem institucional da organização como empregadora.

Se você não tem este tema na sua agenda pessoal ou de sua empresa, nosso convite é que comece a se preparar, pois o aumento da longevidade é um fato e todos nós teremos que nos reinventar. É o fim da aposentadoria como sinônimo de pendurar as chuteiras. Não podemos nos aposentar da vida.

*Mariangela Schoenacker – Diretora de Operações da Consultoria Lee Hecht Harrison (LHH) Nordeste

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