“Natal: o impossível se tornou possível”. Uma reflexão na pandemia - Revista Algomais - a revista de Pernambuco

“Natal: o impossível se tornou possível”. Uma reflexão na pandemia

Rafael Dantas

“A virgem ficará grávida e dará à luz um filho,
e lhe chamarão Emanuel" que significa "Deus conosco”.
Mateus 1:23 (Bíblia Versão Almeida sec. 21)

Chegamos em Dezembro, em um ano marcante, cujas experiências também ficarão nos anais de história mundial, narrativas banhadas em muitos desafios e vitórias, mas, também, em muito sofrimento, especialmente pela morte de mais de 1.717.124 pessoas pela Covid-19.

Nesta época todos os anos celebramos o Natal, cujo sentido na tradição Cristã é a Celebração do Nascimento de Jesus Cristo, o Filho de Deus, nascido como criança, se torna o Salvador da Humanidade. Esta mensagem de esperança que renasce com a vinda do Cristo entre nós, então anunciado há quase 700 anos antes, pelo Profeta Isaías (no capítulo 7.14): “Portanto o mesmo Senhor vos dará um sinal: Eis que a virgem conceberá, e dará à luz um filho, e chamará o seu nome Emanuel.”

O Natal de Cristo se realiza inicialmente em meio a historia do povo de Israel, que é apresentada ao longo da narrativa bíblica como um povo comum que Deus deseja usar para servir aos outros povos, na demonstração do amor, cuja fonte primária é o exemplo divino, e que resgate do projeto de sociedade (Reino) diferente do tipo de sociedade que construímos ao longo dos séculos, que vê o outro apenas como objeto de uso e descarte.

Apesar de todo o desvio deste objetivo do povo, afastando dessa ética pautada no amor profundo, o Natal de Cristo nos lembra que Deus é Emanuel, ou seja, ele se fez presente junto à nós. Sim, o absurdo se fez Real! Deus resolve enviar seu Filho para exemplificar esse modelo de conduta que havia se perdido, afim de que aqueles que nEle creem, encontrem a Vida que dura eternamente (aqui e para o além-tumulo). Essa mensagem até hoje, mais de 2000 anos da vinda de Cristo, continua impactando a vida de milhões de pessoas ao redor do mundo.

Assim como agora, o Natal de Cristo, foi uma história da vida que vence a morte, uma vez que seus pais enfrentaram o parto no meio de uma viagem, sem sequer poderem ficar hospedados em local que lhes oferecesse estrutura para recuperarem suas forças e seguirem adiante em sua jornada. Também foi um contexto de vida que vence a morte, porque eles eram inimigos do Estado, que ao invés de proteger a vida de todos, especialmente dos vulneráveis, insistiu em assassinar as crianças em busca do extermínio do novo Rei que haveria de vir.

Essa mensagem de Natal, continua atual, porque reflete que Deus age na Historia humana, com intuito de resgatar nossa mente e coração o projeto de sociedade (Reino) que ele havia planejado, onde reinam a Paz, Justiça e Alegria advinda do Espirito Santo (no livro de Romanos 14.7). O impossível volta a acontecer! Deus se torna parte concreta da história humana, porque ele mesmo está para além de nossa historia, ele estava antes, durante e estará depois da história humana, e fez isso por amor que ele tem a nós.

Deus age demonstrando que não há nada impossível para sua atuação (no Evangelho de Lucas 1.37), há muitos impossíveis na história de Cristo, ele foi um Rei que nasce na pobreza porque assim quis, em um contexto de morte infantil, perseguição do Estado, e falta de moradia e condições dignas de existência. O impossível se torna possível quando em uma vida de amor, o Cristo vence os impossíveis da história para que nós pudéssemos ter a Esperança de que tudo pode ser diferente, até o nascimento de Jesus (de uma virgem) demonstra que não há impossíveis para Deus.

Há muitos impossíveis em nosso tempo atual, que também precisam ser vencidos para uma sociedade efetivamente mais humana, Michel Foucalt (Filósofo e Teorico Existencialista) afirma que o ser humano pós-moderno vive e é atravessado pelos mecanismos específicos da racionalidade competitiva e individualista. Não é à toa, que em tempos de pandemia, testemunhamos a efervescência do descaso com auto-cuidado, e principalmente com a saúde da coletividade, inclusive dentre os religiosos de diversas matizes de crença. Neste sentido Jesus triunfou sobre outro impossível, o de viver uma vida cuja ética se fundamenta no amor, expresso também pelo cuidado. Cristo disse que venceu o mundo (no Evangelho de João 16.33), e o fez vivendo o amor profundo que transforma a maneira de vermos o outro ser humano. Por amor, ele deu voz a quem não tinha voz (mulheres, leprosos, viúvas e órfãos), e neste mesmo amor trouxe à vida aqueles que apenas sobreviviam. Assim o Evangelho de Cristo muda a ética como nós que o seguimos interagimos com o nosso próximo e com a coletividade.

O Natal de Cristo, nos lembra para sempre que Deus realiza impossíveis, agindo em nossa história, trazendo vida, paz e esperança para todos que nele creem.

Feliz Natal de Cristo.

*Por Jades da Cunha e Silva Junior, pastor da Igreja Batista Imperial, teológo e psicólogo clínico

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