A grandeza da atividade canavieira impressionou João Cabral de Melo Neto em seu poema O Rio: Tudo planta de cana/ nos dois lados do caminho(...)/ Tudo planta de cana/ e assim até o infinito;/ tudo planta de cana/ para uma só boca de usina, diz o poeta num dos versos. A relação dos engenhos e das usinas com a terra e os cursos d’água da região da Bacia do Capibaribe recebem uma atenção especial de João Cabral. Uma antecipação em versos da preocupação tão atual com a sustentabilidade ambiental.
Preocupação que é compartilhada pela Usina Petribú. Para cuidar do solo, que produz até 1,5 milhão de toneladas por ano de cana, e as águas que irrigam essa plantação, a empresa possui uma série de ações de conservação ambiental. Os investimentos sustentáveis vão desde a preservação das matas ciliares do Rio Capibaribe, ações de reciclagem, até a manutenção de reservas de mata atlântica e a produção de energia a partir da biomassa. “Temos cuidado com os rios que cortam nossas propriedades. Todos são muito produtivos e cheios de vida, por isso mantemos uma fiscalização efetiva sobre eles”, assegura Jorge Petribú, presidente do Conselho da empresa.
Ele destaca que dentro das terras da usina existem diferentes tipos de reservas naturais, que são protegidas por um intenso sistema de segurança. Uma equipe de 50 profissionais, com cinco brigadas de incêndio, fiscaliza 24 horas por dia a região, evitando queimadas, supressão da vegetação, além da caça e a pesca clandestinas. A área total, somando florestas, zonas de preservação permanente e reservas legais, é em torno de dois mil hectares.
A preocupação ambiental abrange a manutenção das espécies dessa região. Há cerca de 50 anos, Paulo Petribú, pai do atual presidente do Conselho, instituiu um criadouro de animais silvestres. A princípio era numa área em volta da casa, mas hoje são 72 hectares, cercados por uma tela, onde os animais ficam soltos, se alimentando das frutas e capins da reserva.
Jacarés, emas, veados, capivaras, cotias, além de diversas cobras e aves, como gaviões e corujas, vivem nesse criadouro. De acordo com Jorge Petribú, a área já recebeu solicitações do Ibama para realizar a soltura de animais que foram recuperados do tráfico. Hoje, frente ao período de seca, em alguns momentos é necessário inserir alimentos externos para os animais. “Como não existem predadores, as espécies que vivem nesse criadouro se reproduzem muito e isso periodicamente está nos levando a ampliar a área destinada a esses bichos”.
SEM RESÍDUOS
Toda a atividade da produção de açúcar e etanol gera derivados que são aproveitados em outros processos relevantes para o negócio da própria usina. O bagaço da cana, por exemplo, é o insumo para a geração de energia. A capacidade de produção desse sistema é de 160 mil megawatts/hora por ano. Um terço disso representa todo o consumo de eletricidade da usina e os outros dois terços são comercializados.
Um investimento recente da empresa tem sido na cultura de eucalipto, plantada nos terrenos mais íngremes da Petribú para compor a produção de energia a partir da biomassa. Atualmente 1,3 mil hectares já são destinados aos eucaliptos, mas a empresa pretende dedicar sete mil hectares. Operando nos períodos da entressafra da cana-de-açúcar, a capacidade de geração de energia da Petribú será alavancada para 300 mil megawatts/hora por ano.
Outros dois subprodutos da atividade que já são reaproveitados são o vinhoto (ou vinhaça), o líquido residual gerado na produção de etanol, e a torta de filtro, um lodo também residual da produção de açúcar. Décadas atrás não tinham destinação produtiva mas, atualmente, são utilizados para fertilização das terras. “Aproveitamos os derivados da nossa produção que são direcionados para as áreas menos produtivas. Ao serem incorporados no solo, deixam a terra com mais matéria orgânica”, afirma Arnaldo Andrade, gerente de desenvolvimento organizacional da Usina Petribú.
Até o gás carbônico liberado no processo de produção está sendo reaproveitado. Desde 2012 a empresa construiu uma fábrica de gás utilizando como insumo os gases liberados no processo de fermentação da usina. “Recolhemos o CO2 que é liberado para atmosfera, purificamos, comprimimos e ele serve para vários produtos, como extintor de incêndio, água mineral, refrigerantes”, explica Jorge. A capacidade produtiva é de 70 toneladas de gás por dia.
Na próxima edição desta série, apresentaremos um pouco da relação das pessoas que trabalham na região com a atividade canavieira.
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