*Houldine Nascimento
O Clube Náutico Capibaribe está perto de voltar a mandar seus jogos no Estádio Eládio de Barros Carvalho, no bairro dos Aflitos, de onde jamais deveria ter saído. A expectativa é de que tudo esteja pronto em abril, mês em que o Timbu completa 117 anos de existência. Um grande passo foi dado no último sábado (24) com o início do plantio do novo gramado.
Há uma campanha de doação para garantir o retorno. A iniciativa, intitulada “Voltando pra Casa”, já arrecadou mais de R$ 230 mil. Os organizadores esperam chegar a pelo menos 2 milhões de reais. Além do gramado, a reforma prevê alambrado de vidro, novos bares e banheiros, sistema de iluminação moderno, vestiários e arquibancadas revitalizados.
O Estádio dos Aflitos foi onde o clube viveu suas maiores glórias, com a massa alvirrubra empurrando o time para cima dos adversários. Assim ocorreu em conquistas estaduais e nas melhores campanhas do Náutico no Brasileirão. A torcida sempre a gritar no cangote dos rivais, que se sentiam intimidados.
O campo foi palco de partidas memoráveis contra grandes equipes do futebol brasileiro. Num recorte recente, sediou jogos malucos, como o 4×4 contra o Paraná em 2007, a duelos em que o Alvirrubro passou o trator: massacres contra o Atlético Paranaense (5×0 em 2007), Palmeiras (3×0 em 2009), Botafogo (4×1 em 2007 e 3×0 em 2008) e São Paulo (3×0 em 2012).
Claro, nem tudo são flores. Lá, o Náutico também vivenciou momentos difíceis, como a famigerada Batalha dos Aflitos, na Série B de 2005. No ano seguinte, o Timbu deu a volta por cima, retornando à Primeira Divisão nacional após 13 anos de ausência.
Desde quando passou a fazer da Arena de Pernambuco sua casa, houve um declínio. Em 2013, ano da mudança, o Náutico amargou uma temporada muito ruim: foi eliminado ainda na primeira fase da Copa do Brasil e terminou a Série A na lanterna.
No estádio construído para a Copa do Mundo de 2014, os adversários estiveram à vontade grande parte das vezes. Com capacidade para 46 mil torcedores, a Arena raramente passou dos dez mil em partidas sob o mando do Alvirrubro. Em 2016, o Náutico teve a grande chance de retornar à Série A, para isso precisava vencer o Oeste na última rodada, mas acabou perdendo por 2 a 0.
A temporada de 2017 certamente está entre as piores, com a campanha desastrosa na Série B e a Arena de Pernambuco funcionando como um verdadeiro campo neutro, local de diversos reveses do Timbu. Com o estádio vazio, o pesadelo da Série C estava cada vez mais iminente. Foi o que aconteceu. Além dos fracassos esportivos, pesam os atritos com o Governo de Pernambuco na hora de utilizar o campo.
Este ano, sob nova gestão, o Náutico vai caminhando com serenidade e boas perspectivas. Folha salarial compatível com o momento do clube e jogadores identificados com a causa. Na partida ante o Fluminense-BA pela segunda fase da Copa do Brasil, foi possível sentir o comprometimento dos atletas para reerguer o time da Rosa e Silva.
A união também está selada fora das quatro linhas, com aparente trégua entre as diversas correntes políticas do clube. Tudo ruma para que 2018 seja o ano da virada Timbu. Amém!
*Houldine Nascimento é jornalista