Por Marcelo Bandeira
O Campeonato Brasileiro da Série A de 2019 pode contar com o número recorde de clubes nordestinos em sua disputa. Na era dos pontos corridos, é claro. Já que na Taça Brasil de 1962, os times desta terra aguerrida corresponderam a 50% do total de participantes – sendo essa, a oportunidade em que a região teve a sua maior representatividade. Na temporada citada, ABC, Bahia, Campinense, Ceará, CRB, Sampaio Correia, River, Sergipe e Sport deram o ar da graça.
No entanto, representatividade não condiz com o maior número de nordestinos no campeonato, pois, em 1979, incríveis 30 clubes nordestinos disputaram o Brasileirão. Na época, completamente inchado com 94 clubes.
Mas deixando de lado o passado e voltando para a atual temporada, vemos que Bahia, Ceará, Sport e Vitória já representam um número recorde. Desde 2003, quando foi deixada de lado a disputa por mata-mata, que quatro ou mais equipes da região não competiam na elite do futebol brasileiro na mesma temporada.
Os quatro gigantes correspondem a 20% do total de equipes da competição. No melhor dos cenários, este número pode pular para 30%. Isso porque existe possibilidade dos quatro se manterem na primeira divisão e Fortaleza e CSA, que estão na Série B, conquistarem o acesso. Não seria espetacular?
O Tricolor de Aço e o Vozão já encaminharam suas permanências na elite. Ambos somam 37 pontos conquistados e estão próximos de se salvarem da degola. Para evitar o descenso, as equipes precisam fazer o dever de casa. Para os baianos, restam quatro jogos como mandante – Chapecoense, Ceará, Fluminense e Cruzeiro. Nove pontos bastam para a permanência. Já no caso dos cearenses, apenas três partidas são no Castelão – Internacional, Paraná e Vasco. O suficiente para a alegria do folclórico Lisca Doido. Em ambas as trajetórias existem confrontos diretos e de tamanha importância. No atual momento, as situações mais complicadas são as dos rubro-negros.
O Leão da Praça da Bandeira, após a chegada do técnico Milton Mendes, ganhou uma sobrevida no campeonato e está mais vivo do que nunca. Após conquistar de nove dos últimos 12 pontos disputados, a equipe reacendeu o espírito de luta do torcedor, que voltou a comparecer a Ilha do Retiro. Já o Leão da Barra, não vive boa fase e após uma combinação de resultados, terminou a 31ª rodada na penúltima colocação, com os mesmos 33 pontos do Sport (18º), mas com uma sequência cinco derrotas, um empate e apenas duas vitórias nas últimas oito partidas. O grupo de Paulo César Carpegiani já faz as contas para a permanência e segundo o zagueiro Aderlan, são necessárias quatro vitórias.
O encontro entre os Leões pernambucano e baiano está marcado para o dia 14 de novembro, às 21h45, na Ilha do Retiro e tem todos os temperos de um grande jogo de seis pontos. De pimenta a dendê. A vitória é um grande passo na corrida contra o fantasma da Série B.
Conhecida por ser mais disputada que a própria Série A, a Segundona acaba dificultando a vida de muitos clubes que buscam o acesso. No entanto, fica claro, a cada rodada, que o Fortaleza conhece os atalhos do percurso. A campanha do Tricolor do Pici é invejável – em 33 confrontos, são 18 vitórias, 7 empates e 8 derrotas. Nos braços da imensa torcida tricolor, o técnico Rogério Ceni está com os dias contados para confirmar a passagem à elite. O atacante Gustavo Henrique, mais conhecido como “Gustagol”, é um dos pilares do grupo e o jogador que mais balançou as redes no país em 2018. São 27 gols em 42 jogos.
Atual 3º colocado da Série B, o CSA é outro que vem fazendo uma ótima campanha. Até o momento, o técnico Marcelo Cabo chegou a 15 vitórias, 9 empates e 9 derrotas, somando 54 pontos conquistados. O Azulão do Mutange tem pela frente três confrontos contra adversários diretos: Fortaleza, Atlético-GO e Avaí. Duelos grandes e que podem garantir o tão sonhado acesso.
O cenário é difícil, mas não impossível. O Sport precisa manter as boas atuações e confirmar a boa fase que vive a equipe. Já o Vitória, precisa reagir. E tem o adversário perfeito para tal – o lanterna Paraná, que acumula 20 derrotas na competição. Para Bahia e Ceará, basta manter a regularidade das últimas rodadas que, com esforço, chegam à pontuação necessária. Já na Segundona, o Fortaleza tem 10 pontos de vantagem e não deve ter maiores dificuldades para confirmar o bilhete. O CSA não pode cochilar, pois jacaré que dorme vira bolsa. Três confrontos diretos podem fazer toda a diferença – Fortaleza, Atlético-GO e Avaí. Já as outras duas rodadas são com adversários que estão na zona de rebaixamento.
Cinco ou seis clubes disputando o Campeonato Brasileiro da Série A seria algo bastante expressivo para esta terra que o povo padece, mas não esmorece e procura vencer.