Piauí lidera região com 62,6% de regularização; desempenho nordestino supera a média nacional de 38,4%
As empresas inadimplentes do Nordeste regularizaram 49,7% das dívidas negativadas em julho deste ano, segundo o Indicador de Recuperação de Crédito das Empresas da Serasa Experian. O percentual considera pagamentos ou renegociações concluídos até setembro, dentro da janela de 60 dias definida pelo estudo. O desempenho regional ficou bem acima da média brasileira, que atingiu 38,4% no mesmo período.
Piauí lidera ranking regional e Rio Grande do Norte tem pior desempenho
Entre os estados nordestinos, o Piauí registrou a melhor taxa de recuperação, com 62,6% das dívidas regularizadas. Na outra ponta, o Rio Grande do Norte obteve o menor índice, com 41,4%. Nacionalmente, também se destacaram Espírito Santo (53,3%), Ceará (52,8%), Acre (52,3%) e Maranhão (51,5%), enquanto Santa Catarina (35,6%), Rio Grande do Sul (35,1%), São Paulo (32,3%), Distrito Federal (26,6%) e Amazonas (19,8%) apresentaram os resultados mais baixos.
Setores mostram desigualdade na capacidade de recuperação
No recorte por segmentos, o setor de “Utilities” — que reúne contas como água, luz e gás — teve a maior taxa de recuperação do país, com 43%. Já o segmento de “Telefonia” registrou apenas 15,1%. De acordo com o levantamento, dívidas de menor valor foram as mais facilmente resolvidas: compromissos de até R$ 500 tiveram índice de recuperação de 46,7%, enquanto débitos entre R$ 2 mil e R$ 10 mil registraram o pior desempenho.
Aumento do número de empresas inadimplentes pressiona indicadores
Desde agosto, o Brasil contabiliza mais de 8,1 milhões de CNPJs inadimplentes, dos quais 7,7 milhões são micro, pequenas e médias empresas. Para a economista-chefe da Serasa Experian, Camila Abdelmalack, o cenário é reflexo de mudanças na composição da carteira de dívidas. “Quando o número de empresas inadimplentes aumenta muito, o que vem ocorrendo desde janeiro de 2025, a composição da carteira em atraso muda. Passa a incluir mais empresas em situação crítica e com menor capacidade de pagamento”, explica.
Queda contínua na taxa média de recuperação preocupa analistas
O indicador também mostra queda consistente na taxa média de recuperação de dívidas negativadas: 48,3% em 2023, 41,8% em 2024 e 38,7% até julho de 2025. Para a economista, o movimento está ligado ao encarecimento do crédito após sucessivas altas da Selic, combinadas à cautela dos credores e ao aumento da busca por empréstimos mesmo entre empresas com dificuldades financeiras. Dívidas negativadas próximas à data de vencimento apresentaram maior probabilidade de recuperação: compromissos vencidos há até 30 dias registraram índice de 43,7%, enquanto débitos com mais de um ano alcançaram apenas 19%.
