Um ano que não começou em janeiro, nem em Paris, muito menos em maio. Foi o que o jornalista e escritor Homero Fonseca descobriu ao longo da pesquisa para organizar 1968: Abaixo as ditaduras, com o selo da Companhia Editora de Pernambuco (Cepe). O lançamento será no dia 13 de dezembro, às 19h, no Museu do Estado. A escolha do dia faz alusão aos 50 anos da edição do Ato Institucional Nº 5 (AI-5) no Brasil, decreto baixado ao final daquele ano, marcado por profundas transformações sociais. Por aqui a pauta era o enfrentamento da ditadura militar.
Homero convidou oito reconhecidos nomes para relatar as experiências vividas naquela época, assim como a visão de cada um a partir de um contexto particular, relativo às suas áreas de atuação. O livro reúne nomes como a socióloga Ester Aguiar, o economista e sociólogo José Almino Alencar, a historiadora Socorro Ferraz, o artista plástico Raul Córdula Filho, o poeta e músico Lourival Holanda; o poeta, ficcionista e cineasta Fernando Monteiro; o jornalista e compositor Marco Polo e o diretor e crítico teatral Benjamim Santos.
Historicamente 1968 foi marcado por uma manifestação estudantil em prol das liberdades, com adesão de sindicatos de trabalhadores de várias categorias reivindicando melhores salários e menor jornada de trabalho. Os protestos culminaram numa greve geral, a maior do país, que em maio paralisou a França por dez longos dias. O cenário era de guerra, conta o organizador. Barricadas eram construídas, paralelepípedos arrancados e carros carbonizados. “Os jovens queriam mudar o mundo e tinham pressa”, resume.
“Na verdade foi um incêndio global, que crepitou no mundo capitalista desenvolvido (Alemanha, Estados Unidos, França, Inglaterra, Itália, Japão), chamuscou os países comunistas (Iugoslávia, Polônia, Tchecoslováquia) e ardeu nos tristes trópicos subdesenvolvidos (Argentina, Brasil, México, Paquistão, Senegal, Uruguai)”, escreveu Homero na introdução.
Nas ruas do Recife, manifestações eram reprimidas pela polícia com prisões e espancamento de estudantes. De acordo com o organizador, a combustão tomava proporções cada vez maiores em todo o País, na medida em que recrudescia a ditadura militar brasileira.
1968 Abaixo as ditaduras chega a ser quase didático, essencial para os mais jovens compreenderem nossa história e para complementar o conhecimento dos mais velhos com o relato pessoal dos ensaístas.
SERVIÇO
Lançamento 1968: Abaixo as ditaduras
Dia: 13 de dezembro
Hora: 19h
Local: Museu do Estado