Novembro Azul e a Desigualdade no Acesso à Saúde - Revista Algomais - a revista de Pernambuco

Novembro Azul e a Desigualdade no Acesso à Saúde

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Diversos fatores contribuem para que muitos homens não tenham a oportunidade de realizar exames em tempo hábil

 

O Novembro Azul é uma campanha global voltada para a conscientização sobre a saúde masculina, com ênfase na prevenção e diagnóstico precoce do câncer de próstata. Apesar de sua relevância, o movimento expõe uma questão urgente e muitas vezes negligenciada: as desigualdades no acesso à saúde entre diferentes grupos sociais, econômicos e raciais. A doença é o tipo de câncer mais comum entre os homens no Brasil, e seu diagnóstico precoce é crucial para aumentar as chances de sucesso no tratamento.

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No entanto, a acessibilidade ao diagnóstico precoce no Brasil apresenta grandes desigualdades, e diversos fatores contribuem para que muitos homens não tenham a oportunidade de realizar exames em tempo hábil. “O Sistema Único de Saúde (SUS), que oferece exames gratuitos, muitas vezes não consegue atender a todos os homens de forma eficaz, devido à sobrecarga de serviços e à escassez de recursos em algumas regiões do país, especialmente nas áreas mais periféricas e rurais, o que pode levar a um diagnóstico tardio”, informa a médica de família e comunidade e coordenadora do curso da Afya Faculdade de Ciências Médicas de Jaboatão, Rita Hoffmann.

De acordo com a médica, a resistência cultural é uma barreira significativa. Muitos homens, especialmente em faixas etárias mais avançadas, evitam realizar exames de rotina devido ao estigma associado ao câncer de próstata. “Existe uma falta de informação sobre a importância da detecção precoce e o medo de diagnósticos negativos, o que resulta em um adiamento ou até mesmo na recusa dos exames. A desinformação também se reflete em muitas campanhas de conscientização que, em alguns casos, não alcançam todos os grupos de homens, ou são mal compreendidas. A falta de uma abordagem mais inclusiva e direcionada para populações de diferentes classes sociais, idades e regiões torna difícil alcançar todos que precisam de orientação”, fala.

Após o diagnóstico do câncer de próstata, as disparidades no acesso ao tratamento e ao cuidado de qualidade continuam a ser um desafio significativo. Embora o diagnóstico precoce seja um passo crucial para aumentar as chances de sucesso no tratamento, as desigualdades de acesso a serviços de saúde de qualidade se mantêm, impactando diretamente a evolução da doença e as opções terapêuticas disponíveis para os pacientes. “As principais razões para a persistência dessas disparidades incluem a desigualdade no acesso ao tratamento especializado (pois a disparidade na distribuição de especialistas, continua a ser um problema em algumas regiões do Brasil), a falta de um acompanhamento contínuo e de longo prazo, (essencial para monitorar a evolução da doença e prevenir recorrência) e fatores culturais e sociais”, revela a coordenadora do curso da Afya Jaboatão.

O Novembro Azul é uma campanha de conscientização sobre o câncer de próstata e a saúde do homem, e oferece uma oportunidade importante para promover a educação e igualdade no acesso à saúde. Mas os esforços para combater as desigualdades no sistema de saúde precisam ser contínuos. “Para garantir que todos os homens, independentemente de sua classe social tenham acesso a cuidados de saúde adequados, várias ações precisam ser implementadas de forma contínua, e todos os cidadãos tenham acesso aos serviços de saúde de forma universal e equitativa. No Brasil, isso significa reforçar e ampliar a infraestrutura do SUS, para que os serviços de saúde, incluindo os exames preventivos para o câncer de próstata, estejam disponíveis e acessíveis à população”, completa Rita Hoffmann.

 

 

 

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