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Novo point cultural no Derby

Estrategicamente localizada no coração do Recife, em um antigo casarão dos anos 1930, em frente à famosa praça reformada por Burle Marx, a Casa do Derby nasce com o propósito de fomentar, propagar e expandir as artes e a cultura na capital pernambucana. A iniciativa é fruto da união de cinco sócios, a historiadora e realizadora cultural Tarsila Myrtle, os cartunistas Samuca e Ronaldo Câmara, o marchand Roberto Nóbrega e Eduardo Henriques, proprietário do espaço.

A ideia da casa nasce da vontade de Henriques de dar um propósito àquele espaço, dando vazão a sua paixão pelas expressões artísticas, que é compartilhada por sua família. A mãe de Eduardo era muito ligada à cultura e sua tia, Maria Digna, foi presidente do Museu do Estado. Seu primo, Ricardo Pessoa de Queiroz, é o idealizador da Usina de Arte. “Eduardo é um apaixonado colecionador de arte, entende muito do assunto”, explicou Ronaldo Câmara.

No primeiro andar fica a joia da coroa da casa, a Galeria Quadrado. Numa sala em formato quadrado, o local está aberto para exposições de artes plásticas, artes gráficas e fotografias. “A proposta é também valorizar as artes manuais e dar lugar a um tipo de produção artística que não encontrava muito espaço na cidade”, explica Tarsila Myrtle. A ideia é ter, em média, 40 dias de exposição, totalizando seis ao ano.

HÉLIO SOARES
O 1º Quadrado Internacional de Gravura inaugurou o espaço, com uma exposição em homenagem a Mestre Hélio Soares, fundador da Oficina Guaianases de Gravura e, hoje, um dos nomes também à frente do Coletivo Ita-Quatiara, que funciona do Centro de Artes e Comunicação da Universidade Federal de Pernambuco (CAC-UFPE). Por ele já foram impressas obras de grandes artistas de Pernambuco, como João Câmara e Aloísio Magalhães. A mostra coletiva conta com produções de artistas nacionais e mexicanos, que criam a partir de várias técnicas de gravura, com destaque para a litogravura.

Ainda este ano, haverá a exposição sobre arte urbana, destacando o grafite. Estando na Galeria Quadrado, vale a pena apreciar a vista da Praça do Derby na sacada do primeiro andar do casarão. É certamente uma das mais bonitas paisagens da cidade.
Descendo as escadarias, o visitante encontra a Qubo Escola, que oferece aulas de pintura e desenho. “Temos cursos variados, com a proposta de resgatar as técnicas artísticas manuais, para formar uma base sólida para os alunos (a partir dos 8 anos), configurando um primeiro passo antecessor ao mundo digital”, detalha Samuca.

As aulas são ministradas por parceiros, como Bia Melo, que ensina arte a partir de técnicas utilizando o carimbo, João Lin, que oferece aulas de história em quadrinhos, Jarbas Jr., tirinhas, Beto França e Simone Mendes, que ensinam aquarela. As turmas são formadas por 8 a 12 alunos.

Neste mês de julho uma série de oficinas e cursos de formação em desenho artístico foram programadas para as férias escolares. O objetivo é atrair as crianças ao mundo das artes e ocupar o tempo ocioso longe das escolas com atividades artísticas, além de formar um público consumidor e produtor de artes para o futuro. “O menino hoje em dia, quando tem aquele talento para o desenho ou para a pintura, já dá um salto para o mundo digital. Às vezes fica faltando um conhecimento básico da origem das coisas. Então, eu e Ronaldo, que passamos por todas as técnicas, queremos que outras pessoas tenham acesso a elas também. Queremos esse resgate de pegar em tinta, pegar no papel, é terapêutico inclusive”, destaca Samuca.

Ao lado da escola, bem na entrada, no térreo da casa, o visitante se depara com o Café Cartum. Uma cafeteria que também funciona como espaço para eventos e socialização e que abrange o jardim da casa, ao ar livre. As mesas são decoradas com charges e cartuns de Câmara e Samuca e foram pensadas para inspirar conversas e permitir a convivência do visitante.
Também haverá exposições e mostras de artes no Cartum, de menor tamanho e duração, privilegiando temas descontraídos. A cada dois meses, sua decoração muda e suas temáticas renovadas com pequenas exposições e mostras.

O cardápio do Cartum é um capítulo à parte, ao dar preferência ao que é produzido em Pernambuco, privilegia os pequenos produtores locais e oferece quitutes variados. Entre os produtos “made in PE” estão o café produzido em Itaquaritinga do Norte, as geleias, de Vila Maria de Moreno, o pão da casa Pacha Mama, do Recife, o queijo pirâmide francês, produzido em Pombos. “O pão de queijo é feito por um mineiro, mas ele é radicado em Pernambuco”, ressalva Ronaldo Câmara.

FORNECEDORES
Para os apreciadores de cerveja artesanal, a pedida é a pernambucana Na Tora! produzida em Petrolina. É servida fazendo jus ao nome: bem gelada. A bebida traz rótulos exclusivos desenhados pelos cartunistas. “Fizemos essa opção de apoiar um bocado de gente que está começando também, iniciando a trajetória junto com a gente”, explicou Samuca. Para além do cardápio, há a vontade de utilizar o espaço também para o lançamento de obras, shows ou saraus de poesia, beneficiando artistas autorais do Estado.

A Casa do Derby foi idealizada como uma série de espaços independentes interconectados, então nesse sentido, fica fácil entender o propósito da Qubo Loja, que também fica localizada no térreo do casarão. Projetada para servir de alicerce para tudo que é realizado por e na Casa do Derby, a loja vende artigos de arte como pincéis, papéis, quadros, aquarelas e tudo o mais que for preciso para o aluno dos cursos da Qubo Escola.

“A loja veio como um suporte para tudo o que é feito aqui. É onde vendemos os artigos que são produzidos nas exposições”, afirma Ronaldo. “Aquela loja de lembrança de museu, pra quem não pode levar um quadro, mas pode levar uma reprodução, uma camisa, uma caneca, alguma coisa que remeta à exposição”, conclui Samuca. Também são comercializados alguns dos artigos presentes no cardápio do Café Cartum.

Serviço
Casa do Derby, Praça do Derby, 109, Derby, Recife-PE, Galeria Quadrado + Café Cartum + Qubo Loja. Segunda a sábado, das 14hs às 20h. Qubo Escola: Segunda a sábado, das 9h às 12h. Horários sujeito à ampliação de acordo com a agenda. Domingo: fechado. Entrada gratuita.

*Por Yuri Euzébio, da Revista Algomais (redacao@algomais.com)

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