*Por Débora Reis
Violência. Poluição. Desigualdade social. Esses são aspectos que circundam a vida na capital pernambucana, que, apesar de toda sua beleza, história e rica cultura, parece ter sido abandonada pelas autoridades locais, já que segue por anos sem melhorias significativas. Sob essa perspectiva deficitária, a melhoria dos três aspectos citados inicialmente é o que se espera para um Recife melhor.
Em primeira análise, é preciso atentar para a violência que deixa o cidadão recifense inseguro para sair nas ruas. De acordo com John Locke, todo homem possui direitos naturais, como o direito à vida, e é dever do Estado garanti-los. Contudo, no cenário atual da capital pernambucana, considerada a sétima capital mais violenta do país, segundo o IPEA, o direito à vida é ameaçado quando não é oferecida a devida segurança ao cidadão, que vive em uma cidade sem perspectiva de mudança, já descrente nas autoridades. O Recife precisa ser uma cidade que atenda e proteja os seus habitantes, oferecendo uma melhor qualidade de vida à medida que garante seus direitos e dá esperança de um bom futuro para o recifense.
Ademais, poluição no Recife não é um problema atual. Já na década de 50 o poeta João Cabral de Melo Neto escreve “O cão sem plumas”, um poema que revela uma preocupação com o rio Capibaribe, um dos maiores símbolos da capital pernambucana, e o seu descuido. Trazendo para o cenário atual, a realidade se agrava ainda mais, com o rio completamente poluído, assim como as ruas da grande Recife. A poluição nas ruas da cidade degrada a imagem da capital e se apresenta como oportunidade para o desenvolvimento de focos de doenças, prejudicando, além de tudo, a saúde pública. No entanto, apenas o recolhimento mais assíduo desse lixo, junto com a reciclagem, não será suficiente para mudar essa imagem, de forma que é necessário que haja campanhas para um consumo consciente por parte dos cidadãos. Não adianta apenas querer remediar a situação, é preciso que as raízes do problema sejam o foco para combate.
Convém, também, ressaltar que a desigualdade social é um dos maiores problemas que persistem na cidade do Recife. Segundo dados do IBGE, dos 1,6 milhão de habitantes que vivem na capital, 600 mil vivem abaixo da linha de pobreza, número gritante que resulta numa reação em cadeia para os mais diversos problemas enfrentados pelo Estado. É difícil esperar que uma população que vive com o mínimo para sobreviver consiga adotar medidas básicas de higiene para ajudar na luta contra o novo coronavírus, por exemplo, o que se transforma em um problema também de saúde pública. Nesse contexto, também é improvável que um aluno que viva nessa realidade consiga se adequar ao estudo online ou sequer ter material para estudar em casa, gerando mais uma barreira para o desenvolvimento da capital pernambucana. De acordo com Rousseau, a escola tem o poder de transformar um indivíduo em cidadão, mas a desigualdade social ocasiona uma precariedade no ensino público, fazendo com que menos cidadãos sejam formados e, assim, a esperança por um Recife melhor.
As eleições de 2020 vêm para trazer esperança para os recifenses de que há, sim, a preocupação com o futuro da cidade e daqueles que ali habitam, de forma que a vida passe a ser prioridade e o bem-estar da população seja garantido, como é dever do governo. Além disso, o estímulo ao consumo consciente por parte da população através de campanhas do governo municipal pode ser um bom aliado no combate à poluição, sem deixar de lado uma limpeza mais eficaz e regular das ruas com a implantação de coletas seletivas e campanhas de reciclagem. Programas sociais que visem diminuir a desigualdade social também devem fazer parte da nova realidade da capital pernambucana, sem esquecer de investir mais nas escolas municipais, para garantir uma boa educação ao jovem recifense. Sendo a educação a base de tudo, sua priorização tende a melhorar os diversos problemas enfrentados na realidade do Recife.
Débora Reis é aluna do 3º ano do Ensino Médio do Colégio Equipe