O que rolou no Coquetel Molotov – Revista Algomais – a revista de Pernambuco

O que rolou no Coquetel Molotov

Por Yuri Euzébio

Em meio à recessão econômica enfrentada pelo país, o Festival No Ar Coquetel Molotov mantém sua relevância apostando forte em nomes da cena local ao mesmo tempo em que trouxe também artistas de força no cenário nacional. Reunindo milhares de pessoas no Caxangá Golf & Country Club, o evento começou de tarde e entrou pela madrugada, numa estrutura de três palcos, com espaço para alimentação e feira de produtos num ambiente que proporcionava certo conforto ao participante.
Com uma programação eclética, que foi da ciranda até o bregafunk, passando pelo rap e pelo pop experimental, o festival abraçou os mais diferentes públicos em torno da música.

Já no fim da tarde no palco Natura, a pernambucana Clarice Falcão apresentou seu mais novo trabalho “Tem Conserto”, que marca uma guinada eletrônica na carreira da cantora. A nova produção da artista envolve sintetizadores e beats numa nova roupagem que cativou o público, acompanhando tudo do início ao fim.

Abrindo o palco principal, um dos shows mais esperados da noite, Mc Tha trazendo as músicas de seu “Rito de Passá”, um dos álbuns mais bem avaliados de 2019. Trazendo muita energia no palco, a paulista levou sua mistura dos elementos do funk à temática ancestral levantando o público presente.

Ainda no início da noite, o palco Coquetel Molotov recebeu Lia de Itamaracá no show de estreia do seu mais novo álbum, “Ciranda sem fim”. Com uma banda azeitada, o patrimônio vivo de Pernambuco fez a plateia balançar, e logo se formaram várias rodas de ciranda na platéia. Era nítida nos olhos da cirandeira a felicidade em estar naquele palco entoando suas cirandas e alguns boleros que compõem seu cd. Ao final da apresentação, a rainha da ciranda foi aclamada pelo público.

No palco Sonic foi possível presenciar a potência e a força de Bione, nome alçado das batalhas de Slam e que vem ganhando espaço na cena musical. Em uma das apresentações marcantes do festival, ninguém conseguiria notar que era a primeira apresentação da jovem cantando em um palco. Com músicas de seu primeiro mixtape “Saí da frente…”, a poetisa demonstrou que tem um grande futuro no meio musical e encheu de orgulho sua mãe que estava na plateia.

Luiz Lins foi outro dos jovens pernambucanos que fez bonito, o músico de Nazaré da Mata foi o único a participar das duas etapas do festival (Belo Jardim e Recife). Acompanhado por uma banda, o que trouxe uma nova dinâmica para o seu som, o artista foi mais uma das gratas surpresas do festival. Com um vozeirão indefectível, o jovem desponta como um dos grande nomes da música pernambucana.

A cantora Liniker estreou no Molotov com o show do seu prestigiado segundo álbum, “Goela Abaixo”. Em uma breve apresentação, a paulista demonstrou toda sua presença de palco e a potência da sua azeitada banda, Os Caramelows. Em um dos shows mais lotados do festival, a banda entoou boa parte de seu segundo CD, além de alguns hits do começo da carreira.

Talvez o principal nome do evento, o rapper paulista Black Alien fez jus à expectativa de seu retorno ao Recife depois de cinco anos. A apresentação fez um apanhado da carreira do músico, com música dos seus três álbuns lançados, o celebrado Babylon By Gus – Vol I, o retorno com Babylon By Gus – Vol II até o sucesso do mais recente de Abaixo de Zero: Hello Hell. Gustavo Black Alien não decepcionou os fãs e fez uma das melhores apresentações do festival, com suas rimas ágeis e batidas frenéticas, o músico levou o público abaixo e prometeu voltar em breve.

Convém registrar o pleno funcionamento do sistema de bares, é elogiável a organização do evento com a dinâmica da compra de fichas e da retirada funcionando de maneira rápida e sem burocracias. A acessibilidade também foi outro ponto de destaque, a quem portava alguma deficiência locomotiva fez-se o possível dentro do terreno do Caxangá Golf & Country Club.

Do ponto de vista comunicacional, foi um show à parte dos intérpretes de libras presentes nos palcos Natura e Coquetel Molotov. Os profissionais traduziam com entusiasmo e graça as letras das músicas e com uma habilidade para acompanhar mesmo músicas com uma cadência mais rápida na velocidade, como as do rapper Black Alien.

O encerramento do festival congregou música eletrônica em suas variações rítmicas. A programação envolveu novos e consagrados nomes da cena que vem em franco e exponencial crescimento.

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