Os empregos e os algorítimos – Revista Algomais – a revista de Pernambuco
OBSERVATÓRIO DO FUTURO

OBSERVATÓRIO DO FUTURO

Bruno Queiroz Ferreira

Os empregos e os algorítimos

Cerca de 65% das crianças que estão na escola hoje irão trabalhar em funções que atualmente não existem. É a principal conclusão de um estudo divulgado em janeiro deste ano pelo Fórum Econômico Mundial sobre os impactos da Transformação Digital. Outro estudo, “O Futuro do Emprego”, da Universidade de Oxford, realizado em 702 ocupações do mercado americano, diz que 47% das profissões devem ser automatizadas nos próximos 20 anos.

Mesmo que não estejamos percebendo, mais assustador é saber que essas previsões já estão acontecendo em escalas e tempos diferentes em cada país. Entre as profissões mais ameaçadas estão as que podem ser feitas de modo mais barato e eficiente do que a mão-de-obra humana. Corretor, vendedor, secretária, porteiro, árbitro, motorista, fiscal, operadores e quase todas aquelas funções “meio” estão sendo as mais afetadas num primeiro momento.

Num segundo momento, nem mesmo as profissões intelectuais estarão imunes ao processo de transformação mais rápido e intenso da história da humanidade. A inteligência artificial – em especial a deep learning, que é capaz de aprender e tomar decisões por conta própria – já pode redigir, por exemplo, peças jurídicas e até mesmo notícias. Portanto, grande parte dos jornalistas e advogados podem ser substituídos por algorítimos no futuro.

Por outro lado, a transformação digital deve valorizar algumas profissões, mas quem não quiser ser substituído por um robô no futuro, como diz o jornalista Marcelo Tas, precisa deixar de agir como um robô. Nesse sentido, dois grandes tipos de profissionais se destacarão: aqueles ligados à criação e ao desenvolvimento de novas tecnologia e aqueles que vão cuidar das consequências da presença da tecnologia em nossas vidas.

No primeiro grupo, estão os analistas de sistemas e engenheiros responsáveis pelo desenvolvimento de robôs e computadores com inteligência artificial e na integração de aparelhos e máquinas com a internet. Pesquisadores terão um grande campo de trabalho estudando novas formas de geração e retenção de energia para fazer toda essa tecnologia funcionar. Outro exemplo é o avanço na medicina preventiva, principalmente para as doenças sem cura, que já está criando muitas oportunidades na genética.

No segundo grupo, o aumento da incidência de transtornos causados pelo uso intensivo da tecnologia, o apoio para mudança mais frequente de carreira e a formação de profissionais adaptados às novas demandas digitais são alguns exemplos de novas áreas de atuação que estão surgindo para psiquiatras, psicólogos e educadores. Os legisladores terão também muito trabalho para regular novos tipos de relações comerciais, criar impostos transnacionais e punir novos tipos de crimes, como aqueles que serão causados pelos carros autônomos, por exemplo.

A conclusão que se pode chegar é a de que trabalho não vai faltar, mas é necessário estar preparado. Afinal, a história mostra que não são os fortes que sobrevivem, mas os que se adaptam mais rapidamente às mudanças. Uma nova forma de educação dos jovens e a “reeducação” contínua dos adultos parecem ser as chaves desse futuro que está sendo desenhado a cada dia mais rapidamente.

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