*Por Paulo Caldas
Ao primeiro impulso, de passagem pelas páginas iniciais de “No espanto do verso”, o leitor por certo vai perceber que o título condiz fielmente com o conteúdo da verve de Ivan Patriota.
Obediente ao que muitos definem como poesia de raiz, Patriota consegue guarnecer os padrões convencionais de métrica e rimas, ritmos e imagens, bem como acrescenta sentimentos nascidos do talento de um poeta nato. O zelo com os escritos motiva o autor a preparar um livro sério, colocando os poemas cada qual no seu canto e, em cada canto, as necessárias doses estéticas. São efeitos primorosos contidos nas décimas e sextilhas, motes e sonetos.
No universo dos sonetos, ele celebra o belo nos versos de Partos: “A natureza parindo o seu rebento, nesse mundo não há nada mais lindo’’.
O mesmo requinte repousa nas sextilhas, como na irreverente “Sem Nexo”:
“Mas quando eu nascer de novo, uma coisa eu vou querer, pedir desculpas ao povo, que procurou entender, essas coisas que escrevi, mas que nem eu entendi, o que fiz o povo ler”.
No escaninho dos motes mantém o tom glosando: “Já fiz de tudo na vida o que falta fazer mais?”
“Eu ajudei a Moisés dividir o Mar Vermelho, já fui tenor sem parelho com voz de mil decibéis, no tempo dos coronéis trabalhei de capataz, namorei quando rapaz a tal bela adormecida, já fiz tudo na vida e o que me falta fazer mais?”
No leque das décimas, vem o sopro natural da inspiração do poeta:
“Eu não sei qual é o tanto, da minha felicidade, nem qual a intensidade, da força do seu encanto, mas uma coisa eu garanto, mesmo sem ter a medida, mas sabendo o quão querida, se faz para mim nesta estrada, eu não troco ela por nada, pois ela é quem me dá a vida”.
O livro apresenta o projeto visual de Bel Caldas, a produção da Editora Dialética e pode ser adquirido no site https://loja.editoradialetica.com/literatura-e-outros/no-espanto-do-verso-poesias
*Paulo Caldas é Escritor