Gente & Negócios

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Rafael Dantas

“A pandemia trouxe foco para a saúde e isso fez crescer o consumo de orgânicos”

Na última edição da Revista Algomais, em que tratamos sobre o crescimento do setor agropecuário em Pernambuco e no País em 2020, conversamos também com o diretor da Organis (Associação de Promoção dos Orgânicos) Cobi Cruz. Confira as três perguntas que ele respondeu para a nossa redação sobre como o segmento enfrentou a pandemia e quais as perspectivas para os próximos anos.

Como a Organis analisa o ano de 2020 no segmento de produção orgânica?

Em 2020, os orgânicos continuaram firmes em seus avanços e conquistas. E a percepção geral de quem vive esse mercado é que o crescimento deste ano deve ser ainda maior do que o observado de 2018 a 2019, que foi de cerca de 20% e movimentou quase 1 bilhão de dólares, ou cerca de 4,5 bilhões de reais no câmbio da época.
É um número que impressiona, mas ainda está bem longe do esgotamento, pois o setor tem caminho aberto para crescer muito mais, acompanhando a consciência global de que precisamos nos alimentar sem causar danos à nossa saúde, à terra, ao ar, à água, à flora e à fauna, enfim, à vida do planeta.

Portanto, os orgânicos brasileiros trabalham e planejam com a consciência de que ainda têm grandes desafios a vencer, inclusive no mercado externo, ainda que saibam que tudo começa no fortalecimento das nossas bases locais.
Podemos dizer que 2020 deu ao mercado, e até mesmo aos próprios orgânicos, uma prova de que temos condições de atender com alta qualidade a uma demanda cada vez maior, não apenas em termos de capacidade de produção, mas, também, assumindo novas e modernas formas de divulgação, contato, comercialização, entrega.

A procura por produtos sem agrotóxicos cresceu na Pandemia? Qual a importância disso para o segmento?

A pandemia colocou em foco a questão da saúde e isso certamente fez crescer o consumo de produtos orgânicos, graças ao conceito firmado de que eles alimentam melhor e fortalecem a defesa imunológica contra a ameaça das atuais e novas cepas de vírus.

Mas, é preciso deixar claro, esse aumento de demanda já vem se consolidando há alguns anos, independentemente deste ou daquele fenômeno isolado. Os eventos de 2020 já encontraram a marca coletiva construída pelo movimento dos orgânicos posicionada entre as opções mais confiáveis para quem busca uma nutrição sem aditivos químicos ou manipulações que reduzam os teores de nutrientes.

Outro importante quesito a ser colocado nesta balança é a percepção de que o produtor orgânico, seja ele agrícola, artesanal ou industrial, é visto como alguém que colabora com a manutenção e a recuperação do meio ambiente, prevenindo a migração de vírus e bactérias perigosas para os centros urbanos.

Não podemos, também, perder de vista que os produtos orgânicos oferecem outros importantes diferenciais de sabor, cor, textura e outras qualidade que certamente também sustentam essa alta na demanda. Quem experimenta e aprova, quer repetir.

Finalmente, cabe observar que a ausência de agrotóxicos e outros aditivos químicos é apenas um dos muitos quesitos levados em conta na produção orgânica certificada que, apenas em Pernambuco, conta com 804 unidades produtivas cadastradas.

Quais as perspectivas para 2021?

2021 será um ano excelente para o movimento orgânico, começando pelos ventos que vem do Norte. Ao que tudo indica, temos agora uma superpotência global que, desde antes de iniciar a gestão, já vem colocando as questões ambientais como uma de suas grandes prioridades.

É óbvio, portanto, que, com o imenso poder de marketing dos EUA voltado a essa temática, isso vai abrir uma “vitrine” maior para a divulgação dos conceitos orgânicos e, consequentemente, um aumento da presença de seus produtos nas mais diversas formas de comercialização.

A presença dos mais diversos tipos de produtos orgânicos em supermercados já é uma crescente realidade há alguns anos, mas, com certeza, terá sólidos avanços em 2021.

Por estas e outras razões, acreditamos que as perspectivas para o ano que vem são muito boas. E o grande desafio será, como tem sido ao longo do tempo, o da comunicação, num processo que integra informação, educação e sedução.

As pessoas precisam saber cada vez mais os benefícios de optarem por produtos que respeitam a saúde das pessoas, que preservam e recuperam do meio ambiente, além de fortalecerem a economia sustentável, que não tem o efeito colateral de acentuar os problemas sociais.

O grande foco será o da cidadania, tanto na forma de responsabilidade pessoal quanto no aspecto coletivo. Decidir-se por uma alimentação saudável e evitar consumir marcas que exploram a natureza de maneira predatória é consequência. Cidadãos conscientes fazem a diferença em todos os aspectos. Eles são propensos a ver não apenas produtos, mas a maneira como são feitos, a trajetória de cada um até chegar a ele.

E o movimento dos orgânicos se orgulha de ser, acima de tudo, cidadão.

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