Paulo Roberto Cannizzaro lança “Ainda há tempo Contemplando o Sol” – Revista Algomais – a revista de Pernambuco

Paulo Roberto Cannizzaro lança “Ainda há tempo Contemplando o Sol”

O consultor de empresas, advogado, escritor e poeta Paulo Roberto Cannizzaro lança seu mais novo romance, “Ainda Há Tempo, Contemplando o Sol”. A obra, editada pela portuguesa Ipê das Letras, é uma narrativa envolvente sobre os deslocamentos de pessoas pelo mundo, um tema universal presente em todos os ciclos da experiência humana.

Neste novo livro, Cannizzaro explora a rica miscigenação do Brasil, um dos países mais diversificados do mundo desde a colonização pelos portugueses até meados do século XX. Através de uma prosa cativante, o autor retrata a essência dessa diversidade, destacando a contribuição de vários povos na formação da identidade brasileira. Desde os indígenas, os primeiros colonizadores portugueses, até os imigrantes subsequentes, como franceses, holandeses, italianos, japoneses, alemães, entre outros, e os africanos trazidos como escravos, cada grupo deixou sua marca indelével na cultura e na sociedade brasileira.

“Ainda Há Tempo, Contemplando o Sol” já foi lançado em Portugal e agora chega ao Brasil, trazendo consigo uma reflexão profunda sobre a formação e a riqueza cultural do país. O livro promete tocar o coração dos leitores e oferecer uma nova perspectiva sobre a história e a identidade brasileira através dos olhos de Paulo Roberto Cannizzaro. Confira abaixo um batepapo com o autor.

Qual é o principal tema abordado no romance “Ainda Há Tempo, Contemplando o Sol”?

Paulo Roberto Cannizzaro – É um romance simples, uma história singela e que o contexto é de um emigrante que sai fugido do Estados Unidos por ser um negro que se casa com uma branca, de uma família empresária americana. O pai é de origem de migrantes italianos, que também migraram para os Estados Unidos

Quais são alguns dos povos mencionados que contribuíram para a formação da identidade brasileira, segundo o seu novo romance?

Paulo Roberto Cannizzaro – Portugal, Itália, embora a imigração histórica no Brasil seja diversa, também de alemães, japoneses, e árabe, em períodos distintos.

Como a sua origem familiar se relaciona com a história do romance?

Paulo Roberto Cannizzaro – Minha família é de origem italiana, especificamente da Sicília, da cidade de Agrigento, com influência grega, Aragas, o número histórico. Agrigento é a cidade do Vale dos Templos dos deuses, que migraram para Juiz de Fora, Minas Gerais, para o exercício da profissão de alfaiates, uma profissão na época muito nobre na Europa.

A escolha de Minas deve-se a dois fatores. Juiz de Fora tem algumas características parecidas com Agrigento, e tinha uma indústria têxtil nascente no Brasil. Num determinado momento histórico Juiz de Fora foi um polo importante industrial no Brasil.

Qual é a principal crítica de Darcy Ribeiro à ideia de “democracia racial” de Gilberto Freyre? Como esse ponto se conecta com o novo romance?

Paulo Roberto Cannizzaro – Darcy defendia a importância da miscigenação racial do Brasil, com imigrantes. O Brasil tem historicamente um ciclo de embraquecimento da identidade do brasileiro, oriundo dos negros e escravos, e dos índios, e depois com a imigração de estrangeiros o país adquire uma série de novas características culturais. Darci chamava que essa miscigenação é responsável pela nova originalidade embora isso devesse promover uma miscigenação econômica capaz de eliminar as desigualdades raciais.

Freire não abordou essa realidade com tanta ênfase da perspectiva econômica, relevando muito mais a dimensão racial mesclada.

Em que período histórico seu romance foca para abordar a imigração italiana para o Brasil?

Paulo Roberto Cannizzaro – No último século. A imigração no Brasil se deu em várias épocas, de 1860 a 1960 imigraram cerca de 20 milhões de italianos, principalmente para os Estados Unidos, Brasil e Argentina. Esses ciclos se deram em vários momentos históricos, seja na primeira guerra, no colapso da crise americana, depois fortemente na segunda guerra mundial, e na sequência.

Qual foi a profissão exercida pela sua família que inspirou o seu novo romance ao emigrar para o Brasil? Conte-nos um pouco dessa história.

Paulo Roberto Cannizzaro – Todos os homens da minha família foram alfaiates, e a profissão de Alfaiataria se concentrou inicialmente em Campinas e em Juiz Fora, com dois desbravadores no Brasil, atividades que alimentou o mercado de São paulo e Rio de Janeiro, com a fundação de várias confecções e principalmente de malharias, e produção de roupas de “costumes”, como eram conhecidos os trajes dos homens. Isso foi feito no início com tecido importado e depois com tecidos nacionais. Meu pai trabalhou numa das grandes malharias, meu avô fundou uma Alfaiataria que ficou famosa, chamada ALFAIATARIA CANNIZZARO

No seu livro, no contexto histórico o senhor informa que o fim do tráfico de escravos incentivou a imigração europeia para o Brasil. Está correto?

Paulo Roberto Cannizzaro – Muito, foi determinante, e principalmente pela melhor mão de obra nas plantações de café, no açúcar, e depois no processo de industrialização, no início do século, no trabalhismo de Getúlio, na indústria nacional com Juscelino. O Brasil não tinha mão-de-obra especializada.

Quem foi Bernardo Mascarenhas e qual foi sua contribuição para a cidade de Juiz de Fora?

Paulo Roberto Cannizzaro – Um visionário empresário que monta uma indústria têxtil em Juiz de Fora, e uma usina de energia que alimenta o estado de Minas, a energia para as indústrias, é a primeira usina elétrica na América Latina.

Como o romance conecta a história de amor entre um negro e uma mulher branca com a imigração e a industrialização no Brasil?

Paulo Roberto Cannizzaro – Estão vinculados uma história de um negro que foge dos Estados Unidos pela chaga do preconceito de uma família americana branca, da grande elite social, a necessidade do homem trabalhar, em emprego escasso, a perspectiva do Brasil ser um país que está empregando, e que acolhe imigrantes com maior facilidade.

É possível dizer que o Brasil ainda é uma das nações mais acolhedores do mundo para imigrantes, e que nosso preconceito seja muito mais econômico do que racial, mesmo que se reconheça haver preconceitos, no entanto, muito menos acentuado como a sociedade americana, por exemplo;

O senhor cita que Juiz de Fora foi chamada de “a Manchester brasileira”? De alguma forma, esse fato influencia a narrativa de seu romance? E a Rua Halfeld no contexto do romance?

Paulo Roberto Cannizzaro – Em certo momento foi uma comunidade industrial, é isso é tipicamente uma semelhança com vocações inglesas, onde tudo começa, especificamente da indústria têxtil. Na Rua Halfeld, passei minha infância, e onde iniciei minha paixão pelo cinema, pelo teatro, pelos livros. Uma lembrança presente no novo romance.

Deixe seu comentário
anúncio 5 passos para im ... ltura Data Driven na sua empresa

+ Recentes

Assine nossa Newsletter

No ononno ono ononononono ononono onononononononononnon