Pernambuco cresce mais que o Brasil em 2019 e avançou três posições no ranking da competitividade traçado pelo CLP Liderança Pública, chegando na 17ª posição no País. Para 2020, as expectativas dos especialistas são de seguir com um avanço do PIB acima da média nacional. O fator preocupante é o impacto da crise da Argentina, principal destino das exportações do nosso polo automotivo, na balança comercial do Estado.
Francisco Cunha destacou que o desempenho do PIB pernambucano é reflexo ainda dos investimentos estruturadores que o Estado recebeu nos anos anteriores à crise. Além disso, ele destacou na Agenda 2020 que persiste a atração de investimentos privados, como a recente instalação da fábrica da Aché. A formação do Consórcio dos Governadores do Nordeste foi apontado pelo consultor como uma inovação com potencial de trazer bons resultados para a região.
A indústria e o agronegócio foram os responsáveis pelo desempenho econômico positivo de Pernambuco em 2019, segundo Rodolfo Guimarães, gerente de estudos e pesquisas socioeconômicas da Condepe/Fidem. “Essa dinâmica da economia pernambucana é explicada por algumas atividades da indústria de transformação, que têm nos ajudado nessa recuperação mais intensa. Exemplo do polo automotivo e da refinaria. A própria agropecuária também cresceu bastante”.
Além da recuperação dos setores industriais e da agropecuária, o economista Edgard Leonardo, professor da Unit e da Universo, afirma que o aumento dos investimentos em Pernambuco em máquinas, equipamentos, prédios e instalações em 2019 é um sinal positivo para o próximo ano. “A formação bruta de capital fixo, que são esses investimentos, teve um avanço, um cenário importante para a retomada. Há a expectativa de crescimento moderado, mas talvez não ainda o que é preciso para retomar o emprego”.
Para 2020, apesar de manter uma projeção de crescimento acima da média nacional, Rodolfo Guimarães considera que há incertezas. “O nosso setor de serviços, que é muito importante para a economia pernambucana, depende muito do consumo das famílias. Mas o desemprego segue muito alto e o rendimento médio sem ganhos reais significativos”.
Um alerta para a economia Pernambucana vem da Argentina. A crise acentuada do país vizinho deixada por Maurício Macri e a ascensão de Alberto Fernandez, frequentemente atacado por Jair Bolsonaro, montam um cenário de riscos. “A crise da Argentina pode impactar a gente, sim, pois é o principal destino das exportações de veículos. É preocupante, porque temos uma grande montadora no Estado. Por outro lado, podemos ter oportunidades, visto que alguma empresa pode se deslocar para o Brasil pelos distúrbios de lá”, pontua Edgard Leonardo.
COMPETITIVIDADE
Um dos destaques da Agenda 2020 foi a apresentação do ranking de competitividade do CLP - Liderança Pública. A diretora executiva da organização Luana Tavares informou que os avanços do Estado na pesquisa 2019 foram devidos a melhorias na infraestrutura, na educação e em potencial de mercado. “Pernambuco teve melhoria de três posições neste ano. Isso indica que o Estado conseguiu investir em políticas públicas dentro dessas temáticas”.
Entre os Estados do Nordeste, Pernambuco apareceu apenas em quinto lugar. De acordo com Luana Tavares, esse desempenho tímido no ranking nacional e regional deve-se à situação da segurança pública e da solidez fiscal. “Pernambuco tem um índice de endividamento ainda alto e um elevado gasto com pessoal. Há também grandes desafios no indicador de segurança pessoal no Estado”, aponta Luana Tavares.
*Por Rafael Dantas, repórter da Algomais (rafael@algomais.com)