O Facebook agora é Meta. Mudança no nome não é apenas uma ação de marketing. Faz parte de uma estratégia abrangente, que pretende modificar a forma como usamos a internet atualmente, de acordo com os planos da nova empresa. E chega em um momento em que o negócio de Mark Zuckerberg perde relevância entre usuários mais jovens e está envolvido em uma série de polêmicas, que comprometem sua reputação e seu futuro.
A primeira análise que se pode fazer sobre a mudança é administrativa e política. Ao criar a Meta, o Facebook repete o modelo do Google, que fundou a Alphabet, em 2015, como guarda-chuva para abrigar seus diversos negócios. Com isso, seus fundadores, Sergey Brin e Larry Page, profissionalizaram a gestão, ficaram livres para investir em outras áreas — computação quântica, carros autônomos, internet das coisas — e, ao mesmo tempo, saíram da frente dos holofotes.
Essa também é a vontade de Zuckerberg. Sair da frente das câmeras e, principalmente, minimizar o desgaste de imagem que o Facebook vem enfrentando nos últimos anos. Começando pelo vazamento e manipulação de dados durante a campanha eleitoral de Trump até o recente “Facebook Papers” no Congresso americano. Além disso, há acusações de monopólio, tratamento diferenciado para celebridades, negligência diante de posts criminosos, entre outras.
A segunda análise é estratégica. Como o Facebook vem perdendo usuários, por seu modelo ter chegado à exaustão, Zuckerberg precisava de um novo rumo, antes que atingisse um ponto sem volta, como ocorreu com o Orkut. E a aposta no metaverso é a principal cartada nesse jogo das redes sociais, que vinha alternando entre “mãos boas”, com o Instagram, e “mãos ruins” com o próprio Facebook.
Além disso, a estratégia foi associar a Meta ao nome da nova tecnologia que surge: o metaverso. Essa mistura é conhecida como “Efeito Bombril”. Tecnicamente, é uma figura de linguagem (metonímia), que acontece quando um termo é usado no lugar de outro, por causa da relação de semelhança entre eles. Estratégia de alto risco. Se o metaverso der certo, a Meta ganha. Se der errado, fica inviável mudar de rumo sem mudar de nome.
Mas o que é mesmo o metaverso? É um universo virtual no qual as pessoas serão avatares e poderão trabalhar e se conectar com amigos. Só que em terceira dimensão (3D), sendo apoiados por realidade virtual (VR) e realidade aumentada (AR). Para isso, será necessário usar óculos com wifi, câmera, microfone e alto-falante. Os óculos do metaverso, porém, serão iguais aos modelos que já conhecemos, como o Ray Ban, primeira marca a fazer parceria com a Meta.
A proposta do metaverso é que, no futuro, a interação entre as pessoas na internet deve acontecer como se estivéssemos literalmente “dentro” da tela. Zuckerberg acredita se tratar da maior revolução na maneira como interagimos online desde a invenção do smartphone. E pode ser mesmo se a Meta conseguir desenvolver com rapidez a tecnologia da nova plataforma e popularizar os dispositivos para acessá-la.
Não dá para projetar ainda o impacto do metaverso em nossas vidas. Mas vejo que alguns setores podem adotar logo de cara a nova tecnologia. No ensino remoto, por exemplo, será possível simular o ambiente de uma sala de aula por meio de avatares dos alunos. Além disso, o professor poderá se valer da realidade aumentada para explorar a composição do corpo humano, o globo terrestre, uma fórmula de química. Tudo em terceira dimensão, na frente dos nossos olhos.